Há tempos que Claude Chabrol e Gérard Depardieu vinham tentando desenvolver projetos para trabalhar juntos. Dois ou três deles fracassaram por motivos variados. Há dois anos, ao se reencontrar, eles concluíram que era uma vergonha não fazer logo um filme. Chabrol criou – com Odile Barski – o roteiro de Bellamy pensando no ator.

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“Filmei muitas vezes com os mesmos atores, ao longo de minha carreira. Não escrevia especificamente para Stéphane (Audran) nem Isabelle (Huppert) ou agora para Benoit (Magimel), mas sempre soube o que eles podiam fazer. O caso de Gérard é especial. Como escrevi o personagem pensando nele, tratei de incorporar coisas que são do ator. Quem achar que isso facilita a interpretação, engana-se. Gérard é ele e seu personagem em Bellamy. Num certo sentido, estou fazendo com que ele trabalhe em dobro por um só salário.”

Bellamy é um roteiro original. Pensando em Depardieu, Chabrol criou para ele um personagem simenoniano. O filme, aliás, é dedicado aos dois Georges, Simenon e Brassens. O segundo é referido várias vezes na trama. Depardieu faz esse policial que se envolve numa investigação envolvendo um caso de assassinato e um golpe aplicado numa seguradora. À trama criminal soma-se o momento familiar do protagonista – sua mulher quer viajar, já que ele está em férias, mas o inspetor usa como álibi para ficar em casa a visita do irmão alcoólatra. Há uma situação não resolvida entre ambos.

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