Guitarra, cavaquinho, baixo, saxofone, trompete, clarinete, percussão, bateria e vozes. Esses são os instrumentos que a trupe Chá de Boldo precisa para fazer um som que seus próprios integrantes consideram “meio difícil de definir”. Na realidade, a música da trupe é samba e a forma como eles se organizam lembra a da Orquestra Imperial: muitos músicos e diferentes cantores, para fazer MPB contagiante e de qualidade.
No total, são 12 componentes, que estão juntos há cinco anos. Agora, depois de firmarem o nome na noite paulistana e já terem um bom cartel de canções próprias, eles lançam o primeiro trabalho autoral, o CD “Bárbaro”. Nada no grupo é decidido individualmente. Segundo o baixista Felipe Botelho, eles não gostam de se identificar como uma banda e sim como um bando. “As afinidades de cada um vão aflorando dentro do grupo”, diz ele.
Por incrível que pareça, eles têm poucas desavenças, o que seria natural dentro de um grupo formado por 12 pessoas. A maior dificuldade deles é outra: conseguir reunir todo mundo para ensaiar. “É muito difícil nos reunirmos duas vezes por semana”, conta Felipe. Boa parte da turma já se conhecia antes de formar o Chá de Boldo. “Estudávamos juntos no mesmo colégio e na faculdade”, destaca o baixista.
Numa banda pouco ortodoxa, nada mais natural do que uma capa de CD também fora dos padrões. Para a foto que ilustra o álbum, eles convidaram alguns amigos que aceitaram aparecer nus, pulando um muro. “Como é o nosso primeiro disco, essa é a forma como nos sentimos: pelados. Queremos mostrar que não vamos ficar em cima do muro e vamos invadir a cidade”, explica.
O disco, gravado de forma independente, é distribuído pela Tratore. Os destaques são as canções “Chega de Tristeza”, “Sai Emo”, “Bárbaro” e “Na Tua”. Outra prova da forma coletiva de administrar a banda: nenhum deles faturou R$ 1 sequer, durante um ano. “Nesse período, todo o dinheiro que ganhávamos era poupado para pagar a gravação do CD”, diz.