O ministro da Cultura, Gilberto Gil, esteve reunido, hoje de manhã, com o arcebispo Dom Luciano Mendes de Almeida, com o prefeito Gualter Monteiro, de Congonhas do Campo (MG), e com representantes da Açominas e do Banco Real.
Eles discutiram a implantação do Centro de Referência do Barroco Mineiro e de Estudos da Pedra (Museu de Congonhas do Campo) e da preservação da área do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. A iniciativa integra o Programa Monumenta, do MinC, e conta com apoio financeiro da Açominas e do Banco Real, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
O projeto tem o patrocínio do Banco Real (R$ 3 milhões) e da Açominas (R$ 3 milhões). O prédio será projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza, premiado na Bienal de Veneza com o projeto do Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, e terá a curadoria de Emanoel Araújo, que revitalizou nos últimos anos a Pinacoteca Pública de São Paulo.
O Museu une arte, história, técnica, tecnologia e fé, como um centro dinâmico no cruzamento de centros de pesquisa, memória, saber, divertimento e centro de inovações culturais e tecnológicas. A área total de 3.680 metros quadrados integra o Centro de Estudos da Pedra com sala de exposições, núcleo de pesquisa e laboratório do estudo das patologias da pedra e seu tratamento. O Centro funcionará ligado a instituições de pesquisa e ensino do Estado para a qualificação do artesanato de pedra da região; um Centro Contemporâneo de Escultura, difusor da produção artística do Estado e o Museu do Ex-voto.
Depois do encontro, Gil seguiu para um almoço oferecido em sua homenagem. Ele também visitou a igreja São José e, no fim da tarde, juntamente com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, recebeu a Comenda de Aleijadinho.
Barroco mineiro
O Santuário de Bom Jesus do Matosinhos concentra uma das mais expressivas manifestações do Barroco Mineiro, tido pela historiografia tradicional como a própria origem da identidade artística nacional. Composto pelas obras do entalhador João Antunes de Carvalho, do escultor Francisco Vieira Servas, do ourives Felizardo Mendes, do pintor Manuel da Costa Ataíde e de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
O espaço é tradicional para o recebimento de centenas de ex-votos (fotos, cartas, fitas, objetos de cera e pessoais) abrigados na Sala dos Milagres com uma coleção de 89 ex-votos ou “milagres”, tombada em 1980 pelo Conselho Consultivo da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico.
Formado pela Basílica, o Adro, as esculturas dos Profetas do Aleijadinho e as capelas dos Passos, no alto do Monte Maranhão, o Santuário é hoje vítima do crescimento desordenado das cidades: encoberto por outras construções na encosta do morro perdeu a capacidade de revelar-se na paisagem. As edificações previstas para a demolição são do século 20, um neocolonialismo não contextualizado, sem importância arquitetônica ou artística significativas.
Área de Intervenção
A área prevista para intervenção (aproximadamente 6 mil metros quadrados) compreende o entorno do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, entre a Basílica e a Romaria e no vale situado entre as duas. Considerando os estudos preliminares para as diretrizes Gerais de Estruturação Urbana estabelecidas pelo Município, o conjunto do santuário é importante tanto por seu valor como Patrimônio Histórico quanto pela qualidade de espaço público.
A área pública está preservada e sem ocupação. Existe, porém, um conjunto de edifícios (salão paroquial, sanitários públicos e rádio) situado entre a Basílica e o vale que compromete a leitura tanto dos bens tombados como de todo o conjunto do espaço. A desobstrução considera a proteção ambiental da área pela contenção de encostas, preservação de nascentes e cobertura vegetal. A desobstrução da paisagem é necessária para uma conexão entre a liberação do visual e a ocupação do vale. O novo edifício, posicionado abaixo da linha de nível da Basílica, será ao mesmo tempo museu e parque público para lazer e convivência dos visitantes.