A publicação O Tico-Tico, lançada no dia 11 de outubro de 1905, marcou época na imprensa nacional. Primeira revista brasileira voltada ao público infantil, também divertiu muita gente grande e reuniu um quadro invejável de artistas. Para comemorar o centenário da publicação, a Via Lettera Editora apresenta "O Tico-Tico: Cem anos de revista", de Ezequiel de Azevedo, com lançamento às 18h deste sábado (03), na Gibiteca de Curitiba. Na ocasião, acontece palestra do autor e sorteio de dois exemplares do livro.
Formado em Física pela Universidade de São Paulo e aficionado colecionador de gibis, o mineiro Ezequiel de Azevedo resgata a magia de O Tico-Tico. Há cem anos, a revista nasceu com uma tiragem de 21 mil exemplares e não era como as de hoje, dedicadas inteiramente a um personagem ou a um grupo de heróis. Era uma publicação que reunia diversas expressões culturais, oferecendo contos, concursos, jogos para montar, adivinhações, além de um generoso espaço para as histórias em quadrinhos, arte que começava a se firmar no Brasil.
A revista inspirou-se na francesa La Semaine de Suzette, personagem que foi editada com o nome de Felismina, no Brasil. Porém, a estrela principal do título era Chiquinho, cópia de Buster Brown, personagem de Richard F. Outcault (também criador de Yellow Kid, uma das primeiras histórias em qudrinhos). Nas páginas de O Tico-Tico constaram, ao longo dos anos, trabalhos de artistas como A. Rocha, Alfredo e Osvaldo Storni, Miguel Hochman, Luís Sá, Cícero, Loureiro e os lendários J. Carlos e Ângelo Agostini (o "pai" dos quadrinhos brasileiros).
Como bem definiu um de seus mais fiéis leitores, Carlos Drummond de Andrade, "O Tico-Tico era de fato a segunda vida dos meninos do começo do século, o cenário maior em que nos inseríamos para fugir à condição escrava de falsos marinheiros, trajados dominicalmente com o uniforme, porém sem navio que os subtraísse ao poderio dos pais, dos tios e da escola. E era também muito de escola disfarçada em brincadeira." Além do poeta, figuras como Lêdo Ivo, Lygia Fagundes Telles, Ana Maria Machado, Érico Veríssimo e Rui Barbosa deliciavam-se com as aventuras de O Tico-Tico.
O caráter didático da publicação estava presente em toda sua linha editorial, mas de maneira natural, inserida nos contos, brincadeiras, jogos e quadrinhos, colaborando na formação de várias gerações de crianças e jovens. A diversão era um elemento importante para a sedução da gurizada e para a facilitação da aprendizagem. Os jogos de recortar e montar abriam possibilidades narrativas múltiplas, fazendo com que os leitores criassem suas próprias versões para os textos apresentados.
"Do início ao fim, O Tico-Tico educou, divertiu e ensinou às crianças, ou mesmo à criança que existe em cada um de nós, por isso merece o nosso agradecimento", destaca Ezequiel de Azevedo. Em suas pesquisas, o autor levantou a informação de que a revista O Tico-Tico foi publicada até 1956. Porém, Ezequiel possui a edição 2.082, de setembro/outubro de 1959, e por essa razão continua reunindo dados para estabelecer a verdadeira data da última edição, contando com a colaboração dos leitores.
Serviço
Gibiteca de Curitiba
(Centro Cultural Solar do Barão ? Rua Carlos Cavalcanti, 533)
Lançamento do livro "O Tico-Tico: Cem anos de revista", de Ezequiel de Azevedo
Dia 03.12.05 (sábado), às 18h, com palestra do autor e sorteio de dois livros
Entrada franca
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