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Centenário da amizade entre Mário e Oswald de Andrade é celebrado no CCSP

Guiado por Pena Schmidt, o antigo diretor do Centro Cultural São Paulo, o então novo escolhido para a função, o jornalista, escritor e músico Cadão Volpato, percorreu por três horas o espaço a ser gerido por ele ao ser nomeado pelo secretário municipal de Cultura, André Sturm. Volpato puxou uma das gavetas da mapoteca do CCSP, deu de encontro com um retrato do modernista Mário de Andrade pincelado por Flávio de Carvalho, de 1939, e ficou estarrecido. “Quis saber quais outras joias tínhamos no acervo”, conta ele, sentado na poltrona da sala herdada a partir de 3 de janeiro.

Com o intuito de unir as curadorias do CCSP, passou a promover reuniões semanais nas manhãs de segunda-feira. Nela, apresentou a ideia de celebrar o arquivo de Mário de Andrade. Uma semana dedicada ao escritor, poeta, jornalista e músico entrou em questão. Era pouco. Alexandre Matias, recentemente escolhido como curador de música do espaço, com o celular em mãos, notou que Mário havia conhecido Oswald de Andrade, outra das figuras mais importantes para o movimento modernista brasileiro, em 1917, um século atrás – eles romperam a amizade 12 anos depois, em 1929, mas já haviam transformado a cultura do País.

Nasceu a Semana MáriOswald – 100 Anos de uma Amizade, que abre a programação unificada do CCSP, com literatura, música, teatro e dança, surgida da união e do posterior rompimento entre os dois agitadores culturais de mesmo sobrenome e nenhuma ligação sanguínea. Serão realizados de hoje, 25, até o domingo, 30, conferências, aulas-show, exibição de filmes e espetáculos de teatro e dança com a ideia dar luz à ebulição artística nascida a partir do encontro e desencontro de duas cabeças tão igualmente criativas quanto diferentes. O acadêmico (Mário) e o bonachão (Oswald), o viajado (Oswald) e aquele que nunca colocou os pés fora do País (Mário) – as contradições existentes entre ambos formam uma lista enorme. “São tão parecidos que era óbvio que eles se tornariam amigos”, empolga-se o diretor do CCSP, que segue: “Ao mesmo tempo, eles eram tão diferentes que também era claro que eles se separariam”.

A Semana MáriOswald não quer se fixar apenas na importância da Semana de Arte Moderna de 1922, na qual os dois homenageados tiveram grande importância. Há, por exemplo, as sessões de cinema chamadas de Mário Cinéfilo, com o intuito de dar espaço ao Mário de Andrade crítico de cinema, cujos textos eram publicados na revista Klaxon, que circulou entre maio de 1922 e janeiro de 1923. No sábado, 29, às 15h, será exibido o filme Macunaíma, inspirado no livro homônimo de Mário, seguido de uma palestra ministrada por Carlos Augusto Calil, professor de cinema na USP e antigo secretário de Cultura (confira os destaques da programação no quadro acima e no site do Centro Cultural São Paulo).

A rusga que se tornou briga, e a briga jamais esquecida, não é o centro da exposição, embora esteja ali, seja em debates, seja na própria arte nascida após o rompimento de ambos, em 1929. “Nossa ideia era humanizar essas duas figuras”, explica Cadão Volpato. “Os dois estiveram ligados a vida inteira. A história da sexualidade, a piada de Oswald, é o de menos para a gente. Vamos falar disso? Vamos. Mas o mais bonito, para mim, é a história dessa amizade que acaba. Todo mundo tem algo assim.”

SEMANA MÁRIOSWALD

CCSP. R. Vergueiro, 1.000, Liberdade, tel.: 3397-4002. De 3ª (hoje) a dom. (30). Grátis – sessões de cinema têm ingressos de R$ 2 a R$ 4

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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