Que c’est Triste Venise, La Bohème, Elle (She) – quem não conhece esses grandes sucessos na voz de Charles Aznavour? Esse francês de origem armênia, nascido em Paris em 1924 vem atravessando décadas com suas canções românticas. Já estava na moda nos anos 1950 e continua comovendo fãs fiéis com suas músicas de amor. É um sucesso permanente. Um clássico.

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O que menos gente se lembra é do trabalho de Charles Aznavour como ator. No entanto, seu nome consta nos créditos de nada menos de 60 filmes. Comecemos a contar pelo mais importante, Atirem no Pianista, de um dos líderes da nouvelle vague, François Truffaut. O filme, de 1960, é baseado num romance de David Goodis e expressa a admiração de Truffaut pelo cinema de gênero norte-americano.

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Aznavour faz o tal pianista, chamado Charlie Kohler, amante da garçonete Lena (Marie Dubois). Mas antes mesmo de Atirem no Pianista, Aznavour já tinha participado de vários outros longas-metragens, a começar por La Guerre des Gosses (1936), na condição de um anônimo extra. Já em Paris Music Hall, seu personagem ganha nome, Charles, não por coincidência seu próprio prenome.

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Outra participação importante é em O Tambor, de Volker Schlöndorff, no qual faz o papel de Sigmund Markus. Trata-se aqui de um comentário alegórico a respeito da ascensão do nazismo, na figura do menino que, em repúdio ao mundo estúpido dos adultos, recusa-se a crescer. Com ele, Schlöndorff venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1980.

Novo pico de sua carreira nas telas se dá com Ararat, de Atom Egoyan. Três histórias paralelas – um diretor tenta fazer seu filme, um jovem quer atravessar a fronteira, uma mulher busca explicações para o desaparecimento do pai – convergindo no ponto comum da Armênia e das atrocidades a que seu povo foi submetido ao longo da História. Esse filme tem especial significado para Aznavour, que sempre cultivou suas raízes familiares e, em 2008, obteve cidadania armênia, aceitando, no ano seguinte, tornar-se embaixador da Armênia na Suíça.

O fato é que não se pode julgar Aznavour como um ator entre outros. Ele é uma personalidade. Tem carisma. Presença forte. Como os olhares convergem para ele, quem o escala para um filme tira partido desse magnetismo pessoal, que também tem tudo a ver com sua fama prévia como cantor. A França, aliás, tem predileção por esse tipo dublê de chansonnier e ator, bastando lembrar de outro grande, Yves Montand, magnífico nas duas funções.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.