Apesar de ter sido rei de Portugal e de todas as suas colônias, inclusive o Brasil, Filipe II permanece como um personagem misterioso. Filipe da Espanha (Record, 546 páginas), do historiador Henry Kramen, é um estudo erudito e imparcial que tira um dos mais impressionantes monarcas europeus das sombras. Filipe II, o Prudente, governou o mais vasto império de seu tempo, mas entrou para a história como um imperador cruel, que favorecia as barbáries da Inquisição.
O professor Kramen traz nova luz a variados aspectos da vida do rei, que nasceu em 1527 mas aos 16 anos já reinava em seu país, em nome do pai, Carlos V, imperador da Alemanha. Cerca de onze anos mais tarde converteu-se no governador de meia Itália e, através do matrimônio, em governante da Inglaterra. Em 1556, tornou-se senhor de todas as possessões de seu pai fora da Alemanha e, durante mais de 50 anos, seu reinado teve problemas: enfrentou guerras contra católicos da França, protestantes da Inglaterra, rebeliões no império otomano e nos Países Baixos, quando o catolicismo perdia a força.
Filipe II se casou quatro vezes, uma delas com Anna de Áustria, sua própria sobrinha, vinte anos mais jovem. Esta última é considerada pelo monarca o amor de sua vida, com quem teve seu herdeiro, Filipe III. Entre as lendas que se somaram à sua biografia sobressaem curiosidades como a contratação de um famoso castrati para viver na corte, com a função de aliviar os ataques de melancolia do rei.
