Os lambrequins, rendilhados de madeira usados na decoração dos beirais das casas, entram na composição de mosaicos e geram trabalhos reunidos na exposição "Lambrequins: recortes e fragmentos", cartaz da Casa Culpi – Memorial da Imigração Italiana, espaço da Prefeitura Municipal. As obras dos artistas plásticos András Vörös e Selma de Oliveira podem ser apreciados a partir das 19h desta terça-feira (4), até o dia 27 de outubro. A entrada é franca.

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No endereço administrado pela Fundação Cultural de Curitiba, o público terá a oportunidade de conhecer o encontro entre as técnicas dos lambrequins – elementos tradicionais da arquitetura dos colonos europeus radicados em Curitiba, no século XIX – com a milenar arte do mosaico. Nos trabalhos expostos unem-se os recortes em madeira, nos mais variados formatos e significados, e a composição de fragmentos na forma de mosaico.

Lambrequim e mosaico

"Lambrequim" é uma palavra francesa de origem holandesa (lamperkijm) e traduz o conceito de ornato em madeira, metal ou pano, que pode ser usado em beirais, interiores e brasões. Em Curitiba, o registro dos primeiros lambrequins data do fim do século XIX, concentrados em áreas habitadas por imigrantes.

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Os representantes das várias etnias trouxeram formas e linhas que sofreram adaptações, modificações e até deformações, contribuindo para novos modelos de lambrequins, bem diferentes dos tradicionais. Os enfeites eram executados em pinho (araucária) pela sua qualidade e abundância. As cores tradicionais (verde, branco, marrom, amarelo e azul) remetiam aos tons da natureza e encantavam os visitantes.

O lambrequim como manifestação artística é um símbolo que se observa em diversas moradias, principalmente nas construídas em madeira. Nele estão representadas as formas elementares (círculo, quadrado, triângulo, entre outros), além de animais, plantas, flores e da natureza como um todo. As peças justapostas com seus contornos côncavos e convexos, alinhados ou não, transmitem um ritmo especial, que desperta a sensação de movimento e vibração. O lambrequim marcou o passado e ainda vive no presente como evocação poética das tradições das etnias que integram a população curitibana.

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Na exposição "Lambrequins: recortes e fragmentos" registra-se o encontro entre as técnicas transmitidas pelos imigrantes com a arte milenar do mosaico. Nessa mostra, o mosaico – conhecido por compor as mais variadas imagens, desde as geométricas às paisagens, utilizando-se de fragmentos de mármores, cerâmicas, pasta vítrea e outros materiais trabalhados de forma a mostrar um novo significado – reproduz as formas e os movimentos rítmicos dos tradicionais lambrequins.

András Vörös

Nascido em São Paulo, em 1950, András Vörös é filho de húngaros que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades. Com formação acadêmica na área de Educação Física, é artesão por convicção. Dedica-se à pesquisa e à recriação da expressão artística popular em materiais diversos, com ênfase em madeira e ossos.

Artista criativo, András desde a juventude sente-se atraído por elementos ligados ao folclore. Esculpiu bengalas, anéis de guardanapo, colares, móveis rústicos e, finalmente, em suas viagens pelo interior do Paraná e Santa Catarina, encantou-se com a poesia dos lambrequins. A dedicação aos lambrequins ocupa o artista nos últimos anos, envolvendo as fases de pesquisa, registro fotográfico e reprodução das obras.

Selma de Oliveira

Paranaense de Jaguapitã, Selma de Oliveira é formada em pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. A artista descobriu o "mosaico contemporâneo" em 1995, em Florianópolis (SC), por influência do arquiteto Aurélio Machado. A partir de 1997 passou a divulgar seus trabalhos na Feira de Artesanato do Largo da Ordem, em Curitiba.

A admiração pelo artista Antonio Gaudi levaram Selma a Barcelona, em 2000, quando conhece e convive com três escolas de arte e os mosaicistas catalães Lleounard Cupane e Anna Guinés. Também aprimorou conhecimentos artísticos com o escultor, ceramista, mosaicista e professor Joaquim Chavarria. Sócia fundadora da Associação dos Mosaicistas Profissionais e Amadores do Paraná (AMPAP), Selma realizou sua primeira exposição em 2000, no Jardim Botânico de Curitiba, com as mosaicistas Bea Pereira e Nizza Feluz.

Serviço:
Exposição "Lambrequins: recortes e fragmentos", com obras dos artistas plásticos András Vörös e Selma de Oliveira
Local: Casa Culpi – Memorial da Imigração Italiana (Av. Manoel Ribas, 8.450 – telefone: 3370-1573)
Data: 04 de setembro (abertura às 19h) a 27 de outubro de 2007
Horário de visitas: de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; aos sábados, das 9h às 15h