‘Cartas de Amor’ mistura teatro, vídeo, dança e música

É teatro. Mas essa não é, certamente, a única definição para “Cartas de Amor”, espetáculo que estreia hoje no Centro Cultural Banco do Brasil. Com o subtítulo de “Electropoprockoperamusical”, a montagem pretende-se uma incursão por vários gêneros. “São muitas camadas. Não é só teatro. Mas é também cinema e musical e ópera e performance e dança. Tudo isso cruzando o mesmo espaço”, considera Flavio Graff, que assina a direção ao lado de Emilio de Mello.

Para compor o trabalho, que já foi visto no Rio e em Brasília, Graff debruçou-se sobre a temática amorosa. Em breves histórias, examinam-se as incontáveis possibilidades do afeto. “Fala-se muito da impossibilidade, da incomunicabilidade. Tentamos tratar o amor por uma outra perspectiva. Que possibilidades se abrem a partir de um olhar da generosidade, da gentileza. Aspectos que, comumente, a gente não foca no amor”, argumenta Graff.

Tal olhar multifacetado para as relações conjugais acaba se confirmando não apenas como uma opção temática. Mas como um caminho estilístico. A multiplicidade reverbera na própria estrutura da peça. Isso tem a ver com o apelo a várias linguagens artísticas. Só que não para por aí. Também encontra eco no lugar privilegiado que o espectador parece ocupar na criação. “É um trabalho que não está pronto. Só se faz pronto com o olhar do espectador”, diz o diretor. Nesse sentido, a encenação delega à plateia a função de editar aquilo que quer ver. Sem eleger um foco ou um único centro de atenção. “É como se o espectador fosse o montador de um filme. Damos a ele muitas possibilidades de enquadramento dentro do espaço do espetáculo. Será ele que terá que escolher para onde e quando vai olhar.”

Foi com esse intuito que deslocou-se o público para o centro do espaço. Recobriu-se toda a área da plateia do teatro do CCBB com uma plataforma – com dimensões de 4m x 9m. Dessa forma, aqueles que assistem e os atores devem estar lado a lado.

Ao redor deles, imagens projetadas reiteram a estética do videoclipe – outra das opções declaradas do encenador. “Não queria trabalhar a ideia do musical tradicional, que vem da ópera e do teatro. Queria também usar essas coisas, mas partindo muito dos conceito do cinema.”

A preocupação com o espaço, que mais se assemelha a uma instalação, revela o percurso de Graff também como diretor de arte. Intérprete e dramaturgo ligado ao grupo carioca Cia. Teatro Autônomo, ele desenvolveu uma trajetória paralela, atuando como cenógrafo de espetáculos como “Sonho de Outono” e “Deus da Carnificina”. “Esse trabalho veio juntar esses lugares da dramaturgia e da cenografia”, diz Graff. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cartas de Amor – Electropoprockoperamusical – CCBB (Rua Álvares Penteado, 112). Tel. (011) 3113-3651. 4ª e 5ª, às 19h e 21h. R$ 6. Até 15/12.

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