Rejane Arruda foi uma das poucas atrizes de Jamais Te Esquecerei que não precisou se submeter a um teste para entrar na novela. O convite partiu do próprio diretor de Teledramaturgia do SBT, David Grimberg, e foi aceito prontamente – antes mesmo de Rejane saber que interpretaria a imprevisível Branca na trama mexicana. A personagem – adepta de minissaias e meias coloridas – se divide entre agradar à mãe trambiqueira, que tenta lhe arranjar um “bom partido”, e investir numa paixão sem grande “rentabilidade”.
“O David achou que eu faria bem a personagem porque lembrou de mim como a Kiki de O Cravo e a Rosa”, explica Rejane – em referência ao papel de melindrosa na novela de Walcyr Carrasco, exibida em 2000 e reprisada atualmente pela Globo. De fato, O Cravo e a Rosa marcou a estréia da atriz catarinense na televisão. Na época, Rejane teve grandes expectativas de ver a carreira deslanchar na Globo – o que já acontecia com sua irmã, a atriz Carolina Kasting. Mas isso não aconteceu. Nos três anos passados entre a novela dirigida por Walter Avancini e o convite do SBT para fazer Jamais Te Esquecerei, a atriz atuou apenas em um episódio do Brava Gente, em 2001. “A concorrência na Globo é muito grande. Há sempre gente nova e bonita aparecendo”, acredita a atriz, que considera o falecido Avancini seu grande mestre na tevê.
Teatro e curtas
A falta de oportunidades na telinha, porém, foi compensada por trabalhos em cinema e teatro. No palco, Rejane viveu a “morta-viva” Sônia, no monólogo Valsa N.º 6, de Nelson Rodrigues. A peça conta o drama do espírito de uma jovem, assassinada aos 15 anos, que tenta se lembrar do que aconteceu. A atriz protagonizou ainda dois curtas – Ela e Beijo – e prepara-se para filmar o último da trilogia de Andréa Del Fuego sobre o universo feminino. Mas a vontade de se ver num longa-metragem teve de ser adiada. Rejane fez uma participação em Carandiru, de Hector Babenco, como uma mulher que entra em trabalho de parto dentro de um táxi. Só que toda a seqüência acabou fora do filme. “Fiquei muito triste porque foi meu primeiro longa. Mas isso acontece… Pelo menos, valeu pela oportunidade de trabalhar com o Babenco”, resigna-se.
Bailarina
Assim como a irmã, Rejane descobriu a vocação para atriz através da dança. Ela começou no balé aos sete anos e virou bailarina profissional. Chegou a dar aulas para crianças e a dirigir uma companhia de dança em Florianópolis, sua cidade natal. Até que foi chamada para participar de um espetáculo musical em São Paulo. “Eu fazia uma fada que dançava. Então, senti necessidade de estudar teatro e procurei o Centro de Pesquisas Teatrais do Antunes Filho”, conta. Daí em diante, Rejane abandonou as sapatilhas e foi estudar interpretação na Escola de Comunicação e Artes da USP. Ao todo, atuou em 18 peças – boa parte sob a tutela de Antunes Filho – e fez várias campanhas publicitárias, como a do cigarro Free e a da margarina Doriana.
Apesar de ter uma trajetória parecida com a da irmã mais nova, Rejane garante que uma não influenciou a outra a seguir carreira artística. “Começamos cedo na dança e, depois, seguimos na profissão de atriz por caminhos diferentes. Como ela saiu cedo de casa, desde a adolescência ficamos muito tempo sem nos ver”, argumenta. Rejane só trabalhou com Carolina Kasting no início da carreira, num espetáculo da companhia de teatro e dança de Oswaldo Montenegro. “Mas faz muito tempo… Sinto muita vontade de contracenar com ela num novo trabalho”, diz a atriz, que acha divertido ver no ar as duas únicas novelas em que trabalhou. “Com essa exposição, pode ser que surjam novos convites”, torce, esperançosa.