Carnavalesco Fernando Pamplona morre aos 87 anos, no Rio

Um apaixonado há quatro décadas pelo vermelho e branco da Acadêmicos do Salgueiro, escola de samba pela qual conquistou quatro campeonatos no Grupo 1 (hoje Grupo Especial) do carnaval carioca de 1960 a 1978, o carnavalesco Fernando Pamplona morreu ontem, 29, pela manhã, aos 87 anos, em sua residência, em Copacabana. Diagnosticado com um tipo raro de câncer há apenas um mês, Pamplona, considerado um inovador da principal festa popular da cidade, com enredos que tinham o negro como tema, morreu em casa, após receber alta do Hospital São Lucas. O velório e o enterro ocorreram hoje à tarde, no Cemitério de São João Baptista, em Botafogo, na zona sul do Rio.

Depois de passar parte da infância no Acre, onde conviveu com histórias fantásticas, de bichos e seres mágicos, Pamplona conheceu o carnaval carioca em bailes infantis no Leme e em Botafogo e estudou na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1959, foi convidado por Miécio Tati, organizador do carnaval, para ser jurado do desfile. Foi quando achou sua paixão. “A coragem do Salgueiro, seu vermelho e branco, seu enredo, falando de um artista – Debret – me marcou. Virei Salgueiro definitivamente, para todo o sempre, jamais julgaria de novo.”

Pamplona virou carnavalesco em 1959, depois de convidado por Nelson de Andrade para trabalhar com a escola. Estreou com o enredo ‘Quilombo dos Palmares’, que lhe deu a primeira vitória. Sua despedida dos desfiles foi em 1978. Até lá, ainda ajudou o Salgueiro a conquistar outros três títulos, com os enredos ‘História do Carnaval Carioca’ (1965), ‘Bahia de todos os Deuses’ (1969) e ‘Festa para um Rei Negro’ (1971).

Inovador, introduziu instrumentos como o atabaque, além de reutilizar materiais para baratear custos. Em 1986, foi homenageado pela escola com o enredo ‘Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso – Tributo a Fernando Pamplona’. Também foi comentarista de carnaval na TV Rio e na TVE, e lecionou na Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio (UFRJ). Deixou a mulher, Zeni, e duas filhas, Consuelo e Eneida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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