Carlos Malta Quarteto lança disco com shows em SP

O multi-instrumentista Carlos Malta, que já fez parte da banda de Hermeto Pascoal, lança a partir de amanhã em São Paulo, em dois shows, o disco “Tudo Azul”. O álbum é batizado com a música que ele compôs num dia belíssimo, numa praia de Búzios, definida por ele como um blues caribenho, com inspiração de Herbie Hancock. “Eu fiz essa música numa relax, na tranquilidade que a música requer, numa coisa bem praieira, aquela coisa de andar na areia com aquele chapelão.”

O disco nasceu do reencontro do músico com o contrabaixista Guy Sasso, que era fã de carteirinha do grupo do Hermeto desde a década de 70. “Eu era roqueiro, tocava guitarra, mas conheci o som de Ron Carter e fiquei fã do Hermeto. Vendi a guitarra e comprei um contrabaixo acústico”, lembra Sasso, que manteve contato intenso com Hermeto, a ponto de levá-lo a um ensaio com seus amigos que, à época, eram estudantes de música. É do contrabaixista a produção do disco, que reuniu o quarteto completo com Daniel Grajew (piano) e Richard Montano (bateria) em 2008.

O disco foi gravado entre fevereiro e abril do ano passado, num estúdio montado no topo de um prédio no Butantã. “Olhava pela janela, o cinza de São Paulo, mas dentro do estúdio estava tudo azul. Tinham as cobras do Butantã e gostei disso, elas também gostam de flauta”, brinca Malta, mestre dos sopros do pife, clarone, flautas e saxofones. E lá naquele pequeno estúdio, o quarteto chegou a se transformar em octeto, contando com a participação de Cássio Ferreira e Celso Marques nos saxofones, de Sabine Marien na flauta e de Paulo Costa no violão na primeira música do disco, “Reencontro”, de autoria do músico e médico psiquiatra Wimer Bottura. Há ainda a participação das vozes das cantoras Misty e Lorena Lobato em “Soul Sin/Sou Sim”, tema que Malta fez como uma resposta ao que sentiu do contrabaixo de “So What”, de Miles Davis. Leo Mitrulis assume o piano em “Rainha do Mar”.

“O pessoal me questionou no estúdio dessa música não ter improviso. Pô, não precisa (risos). Tem um pedaço que estou solto, mas quis registrar a canção como ela é. Tem uma melodia que lembra essa onda do ‘Maiden Voyage’ (música do Hancock), com aqueles acordes que dão sensação de não saber para onde se vai, como as marés. Mas esse som tem também um sangue ‘coltraniano’ (em referência ao saxofonista John Coltrane)”, explica Malta.

Mauro Castellatto assumiu o sax tenor em “Santa Clara”, música composta por ele. “A música mandou as pessoas aparecerem. São Paulo tem uma corrente musical que tem muita afinidade comigo. Além disso, minha namorada é carioca, mas mora em São Paulo”, diz Malta. Toda essa influência do jazz americano cai no caldeirão brazuca de Malta e seus brothers paulistanos, vibrando como choro, samba, partido-alto e bossa. “O grupo vai misturando seus timbres em composições próprias inspiradas. Todas as cores timbrísticas possíveis são bem exploradas em interpretações que nos colocam muito mais em um clube de jazz, assistindo, do que no frio ar condicionado de um estúdio”, com a palavra, o mestre Teco Cardoso, que registra suas impressões no encarte do disco.

Lançamento oficial do disco Tudo Azul – Tom Jazz (Av. Angélica, 2331 – Higienópolis). Quinta-Feira, dia 26. Às 22h.

Festa Jam de lançamento do disco Tudo Azul – Galeria Fcaram (Av. Prof. Alfonso Bovero, 1241 – Perdizes). Sexta-feira, dia 27. Às 22h.

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