Já pensou se Bono Vox e seus companheiros de banda promovessem um workshop, no qual fosse possível ouvir da boca do vocalista sobre as raízes de sua música e, de quebra, tocar com a banda? O que é apenas sonho para o fã no mundo pop, é uma realidade para quem gosta de jazz, devidamente temperado por ritmos brasileiros. Para esse público, Carlos Malta é tão importante quanto o vocalista do U2. E, em fevereiro, dá início a uma série de shows e oficinas pelo País tanto para apresentar o disco “Tudo Azul”, lançado no ano passado, como para falar sobre as origens do samba, da bossa, do baião e do choro.

continua após a publicidade

“Quando eu abro a ‘caixa preta’, quando falo da música, é para falar na mesma língua do público. E é uma experiência que pode mudar a vida de uma pessoa. Minha intenção é que o cara saía do workshop e vá direto para uma loja comprar um instrumento musical. Se isso acontecer, pra mim, será o sucesso absoluto”, diz, em entrevista por telefone à Agência Estado.

Nos dias 25 e 26 de fevereiro, à noite, o Carlos Malta Quarteto fará show no Sesc Pinheiros. E, no dia 26, das 14h às 16h, ocorrerá a primeira oficina “Diversidade da Música Brasileira”, cujas inscrições tiveram início no dia 1º. Outras serão realizadas em Presidente Prudente, em um acordo entre o Sesc e a Secretaria de Cultura da cidade. E, com patrocínio da Petrobras, haverá ainda uma turnê pelo Norte e Nordeste, com shows e oficinas em Rio Branco, Manaus, Belém, Fortaleza, Natal e Teresina.

Foi uma aula de flauta doce na escola, quando tinha uns sete anos, que mudou a vida de Malta, hoje maestro e multiinstrumentista, com passagens pela banda de Hermeto Pascoal, cuja convivência amplificou sua percepção da música viva em tudo e todos. Não é à toa que é chamado de “Escultor do Vento”. Seja no sax, na flauta, pife ou clarone. Este último, aliás, um instrumento muito restrito à música erudita, foi veículo de forte tensão a quem ouviu os solos da música “Soul Sin/Sou Sim”, do novo disco, em show em dezembro, no Jazz nos Fundos, em São Paulo.

continua após a publicidade

Malta fez esse tema como uma resposta ao contrabaixo de “So What”, de Miles Davis. Mas foi muito além. “Aquele instrumento (clarone) faz muito bem à alma. O clarone, como instrumento de orquestra, é muito comportado. Aí quando você pega o instrumento como um aborígene – e minha relação com o instrumento é essa – aí é a intuição se servindo de um conhecimento técnico. É um voo completamente radical.” E a resposta a Miles, na verdade, é que Malta é sim O Cara, e aí?

Mesmo se o público das oficinas não se motivar a fazer música, um evento assim é importante para formar plateia e ampliar o espaço da música instrumental. Além de Malta, estarão no palco-escola o contrabaixista Guy Sasso, o baterista Richard Montano e o pianista Daniel Grajew. “Vamos falar, por exemplo, de onde vem o baião. Qual o tipo de material étnico do qual os ritmos são compostos? A maioria das coisas que a gente toca tem um centro rítmico que inspira a parada.”

continua após a publicidade

SERVIÇO

CARLOS MALTA QUARTETO

SESC Pinheiros – São Paulo

Dia(s) 25/02, 26/02

Sexta e sábado, às 20h.

DIVERSIDADE DA MÚSICA BRASILEIRA

Dia 26/02, das 14h às 16h

SESC Pinheiros

Ingressos à venda pelo sistema INGRESSOSESC

Interessados devem levar instrumentos musicais.

Sala de Atividades – 3ºAndar. 25 vagas.

Rua Paes Leme, 195, Pinheiros

São Paulo – SP

Tel.: 11 3095-9400