Até hoje, ainda não inventaram um produto que prenda mais a atenção do telespectador que a novela. Não por acaso, as principais emissoras do país estão empenhadas em montar novos núcleos de teledramaturgia ou em dar continuidade aos já existentes.
Mas fazer novelas não é tarefa das mais simples. Tanto que as emissoras sem muita tradição no gênero não têm outra alternativa senão recrutar profissionais da Globo. Alguns deles, como Herval Rossano e Jayme Monjardim, até que obtiveram êxito em suas empreitadas em outras emissoras. Já outros, como Roberto Talma e Nilton Travesso, bem que tentaram, mas pouco conseguiram fazer.
O mais recente exemplo de profissional que se aventurou fora da Globo e se deu bem é Herval Rossano. Depois da malograda Metamorphoses, parceria da Record com a independente Casablanca, pouca gente acreditava que uma nova versão de A Escrava Isaura faria sucesso. Mas fez. E, por diversas vezes, esteve a apenas cinco pontos de Começar de Novo, da Globo. Para Herval, a maior dificuldade foi escalar o elenco. No começo, houve relutância por parte de alguns. Muitos ficaram na dúvida porque faltava à emissora tradição em novela. Mesmo assim, depositaram confiança em mim e acreditaram no projeto, avalia.
Um dos que depositou confiança em Herval e acreditou no projeto foi Tiago Santiago. Depois de 13 anos como colaborador na Globo, ele finalmente estreou como autor na Record. A poucas semanas do final de A Escrava Isaura, Tiago garante que a maior diferença que sentiu entre uma emissora e outra foi a falta de uma cidade cenográfica na Record. Cidades cenográficas dão agilidade às gravações, mas, por outro lado, as locações têm visual esplêndido. Na Globo, me sentia ?prata da casa?. Na Record, eu me sinto ?ouro?, gaba-se ele.
Mas nenhum outro peregrinou tanto quanto Nilton Travesso. Depois de dirigir novelas na Globo, como Sinhá Moça e Direito de Amar, inaugurou núcleos de teledramaturgia na Manchete, SBT e Band. Nesta última, Serras Azuis, de 98, quebrou um jejum de 17 anos sem novelas. Naquela época, a Band ainda era o ?canal do esporte?. Ou seja, as mulheres sequer sintonizavam a emissora. A gente tenta abrir mercados, mas ninguém conquista público do dia para a noite, pondera Travesso, hoje diretor do Charme, apresentado por Adriane Galisteu no SBT.
