Capital social e redes de relações

Diversos livros foram escritos sobre o capital social. Robert D. Putnam, Comunidade e democracia, a experiência da Itália moderna (2000). Augusto Franco, Capital social com leituras de Tocqueville, Jacobs, Fukuyama, Maturana, Castells e Levy (2001). Silvio Marcus de Souza Correa (org.), Capital social e desenvolvimento regional (2003).

O conceito de capital social está presente em pesquisas sociais e políticas. Os primeiros que utilizaram seu conceito foram Aléxis de Tocqueville (1835) e Lyda Hanifan (1916), mas seu conceito foi elaborado por Pierre Bourdieu (1980) e James Coleman (1988). Bourdieu o considera conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações. Coleman o define como a habilidade de as pessoas trabalharem em grupos e organizações para atingirem objetivos comuns.

Putnam observou que existiam diferenças significativas entre o norte e o sul da Itália. Os governos do norte eram mais inovadores nas concepções de políticas. Seu estudo lhe revelou que ao longo do tempo norte e sul adotaram métodos diferentes para enfrentar problemas coletivos e concluiu que o Norte fornece uma qualidade de capital social herdado maior do que o do Sul.

O pesquisador destaca que um critério da situação de capital social em uma sociedade é a vitalidade das organizações civis cujas relações têm características de confiança, amizade e reciprocidade entre iguais. O capital social não é propriedade particular das pessoas, como é o capital convencional. Os indivíduos formam associações em redes, entendidas como conjuntos de nós que se ligam mutuamente para que as pessoas troquem relações entre si e se fortaleçam.

Um dos atributos mais importantes do capital social é a cooperação. Putnam dá o exemplo da poupança informal, que vem sendo adotada em países como Japão, Egito, Vietnã, Leste dos Estados Unidos, entre outros. Consiste em associações de 20 membros ou mais. Cada pessoa colabora mensalmente com uma quantidade, digamos, de um dólar. A cada mês um membro diferente recebe 20 dólares para gastar como quiser. Nos demais meses ele perde o direito de ganhar, mas continua contribuindo até que todos tenham recebido sua parte.

Assim, qualquer um que tenha reputação de honestidade e confiança pode fazer parte de uma associação. O capital social é uma garantia disponibilizada também para quem não tem acesso aos mercados de crédito regulares. Posteriormente, os indivíduos podem praticar o capital social para solucionar outros problemas e, além de tudo, intensificar a solidariedade comunitária.

Zélia Maria Bonamigo é jornalista, mestre em Antropologia pela UFPR, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

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