São Paulo – Eles foram intelectuais influentes no Brasil dos anos 1960. Dois homens de Deus – Alceu de Amoroso Lima, que assinava Tristão de Athayde, e Gustavo Corção. Um, progressista, o outro, reacionário, digladiavam-se nas páginas de jornais contra e a favor da ditadura militar (e da Teologia da Libertação). Dr. Alceu escreveu certa vez – "Passam os regimes. Passam as revoluções. Passam os partidos. Passam os generais e os bacharéis. Pouco importa. O Brasil resistirá à passagem de todos. Mas ai de nós se um dia passar o futebol". Cao Hamburger cita a sentença de dr. Alceu a propósito do novo filme que vai fazer, Goleiro. O diretor de Castelo Rá-Tim-Bum volta-se para o futebol, essa paixão do povo brasileiro. Antes disso, Cao defronta-se com outra preferência nacional – o Carnaval.
Cao iniciou anteontem, no Rio de Janeiro, as filmagens da primeira minissérie que a HBO Latin America produz no País. Chama-se Carnaval e terá seis capítulos em torno de 50 minutos a uma hora, cada um. O futebol e o Carnaval são dois elementos que ajudam na construção da brasilidade, dois traços dominantes da cultura nacional.
Passaram-se cinco anos desde Castelo Rá-Tim-Bum. Cao não ficou parado esse tempo todo para explodir agora com Carnaval e Goleiro. Ele ficou um ano, entre 2001 e 2002, trabalhando no projeto de uma série infantil que ainda não saiu do papel. Foi contratado pela empresa inglesa Ragdoll. De volta ao Brasil, o diretor trabalhou com publicidade e buscou novos projetos para cinema. No começo de 2004, interessada em fazer séries em parceria com empresas da América Latina – a exemplo de Epitáfios, produzida na Argentina -, a HBO procurou a O2, de Fernando Meirelles, com uma proposta. Queria uma minissérie em torno do tema carnaval. A O2 chamou Cao Hamburger. "A HBO propôs o tema, mas não interferiu na criação. Ele formatou o que será Carnaval em parceria com Elena Soárez, a roteirista de Eu Tu Eles, de Andrucha Waddington.