Dezoito anos é tempo para decantar modismos e construir alicerces. As casas de cultura nordestina que surgiram no final dos anos 1990 em São Paulo foram agraciadas pela explosão do que passou a ser conhecido como forró universitário.
Se por um lado o nome trazia um preconceito em suas entrelinhas, uma preocupação em evitar o público nordestino em São Paulo, até então era a grande base no segmento, e anunciar uma tomada do espaço pelas plateias jovens de classe média universitária, por outro, aquele momento trouxe uma retomada incontestável do modo mais verdadeiro e puro de se fazer baião, xote e xaxado.
Casas surgiram e casas fecharam, mas o Canto da Ema, em Pinheiros, segue como era no início, abrindo espaço para o instrumentistas e grupos de forró. Neste sábado, dia 6, véspera de eleições, o Canto comemora seus 18 anos com 12 horas seguidas de forró. O primeiro show será às 19h10, com o Trio Sabiá. O último, às 04h15 da madrugada de sábado para domingo, com o sanfoneiro Nando Nogueira. A cantora Sandra Belê canta às 22h50; o Bicho de Pé toca à meia-noite, o Rastapé às 3h05. Mestrinho, nome que tem puxado a nova leva de acordeonistas em São Paulo, se apresenta à 01h30, com participação do violinista Nicolas Krassik.
“Quando surgimos, era uma época efervescente”, lembra Paulo Rosa, dono da casa. O grupo Falamansa chegaria ao número de 1,8 milhão de discos vendidos e Targino Gondim trazia, com Gilberto Gil, Esperando na Janela para a frente das músicas mais tocadas na época.
A inauguração do Canto foi com Dominguinhos. “Era como inaugurar uma casa de jazz com Miles Davis ou de blues com BB King”, lembra Paulo. Elba passou por ali muitas vezes. Fagner, Zeca Baleiro, Trio Nordestino. Um dos momentos que marcaram foi a gig montada por Paulo em uma das datas especiais. Na sanfona, Dominguinhos; no triângulo, Chico Cesar; e na zabumba, Lenine. Quem viu, viu.