Cansado de fazer malvadezas

Ator é um eterno insatisfeito. Os que só interpretam mocinhos fazem de tudo para conquistar um papel de vilão. Outros, como Gabriel Braga Nunes, que só recebem papéis de vilão, acham que bom mesmo é ser o herói da história. "Minha carreira é marcada por tipos com graves defeitos de caráter. Já me perguntei o porquê disso. Não quero acreditar, mas devo ter cara de vilão ou algo parecido", diverte-se o ator.

Mas além de interpretar um bom sujeito, outros motivos levaram Gabriel Braga Nunes para a Record. Um deles foi a possibilidade de ser, pela primeira vez, o protagonista da trama, como o romântico Fernando Seixas, de Essas Mulheres. O outro foi a chance de voltar para São Paulo, sua cidade natal, depois de oito anos no Rio.

Mas os tipos torpes acompanham o ator antes mesmo de mudar-se para o Rio para trabalhar na Globo. Logo na sua estréia na tevê, fez o "bad-boy" Mário de Razão de Viver, novela exibida pelo SBT em 1996. Depois disso, fez ainda o corrupto Olavo Ferraz de Anjo Mau, o adúltero Augusto de Terra Nostra, o malévolo Victor de O Beijo do Vampiro…

Fernando, ao contrário, está acima de qualquer suspeita. Extraído do romance Senhora, escrito por José de Alencar em 1875, é um jovem romântico que nutre fervorosa paixão por Aurélia, personagem de Christine Fernandes. Mesmo assim, aceita casar-se com a endinheirada Adelaide, de Adriana Garambone, para salvar a família da bancarrota. "Naquela época, era comum acertarem casamentos de acordo com as posses de cada família. Os valores morais de 1873 são diferentes dos de 2005. É preciso dar um desconto histórico ao personagem", intercede.

 O convite para atuar em Essas Mulheres marca a volta de Gabriel à Record, emissora onde ele atuou em 1997, quando fez a minissérie Por Amor e Ódio. "O que mais chamou a minha atenção foi a qualidade, não só técnica, mas, humana. E o mérito é todo do Flávio. No elenco, são todos atores. Não há afins", enfatiza, referindo-se ao diretor Flávio Colatrello Jr. Na verdade, Gabriel já havia sido convidado para "Essas Mulheres" antes mesmo de Colatrello assumir a direção da novela em lugar de Herval Rossano. Na dúvida, ponderou bastante antes de trocar de emissora. "Confesso que demorei a me decidir. Fazer a novela implicaria abrir mão de alguns projetos no cinema e no teatro. Infelizmente, não deu para conciliá-los", lamenta.

 Quem ficou feliz com a decisão do rapaz foi sua mãe, a atriz Regina Braga. Mais que depressa, passou a mão no telefone e convidou o filho para morar com ela em São Paulo. Ele agradeceu a preocupação da mãe, mas disse que preferia ficar mesmo em um "flat". "Sempre que vou a São Paulo, fico na casa dela. Mas visitar é uma coisa, morar é outra, completamente diferente…", entrega. Na verdade, Gabriel tem tido pouco tempo livre para se preocupar com outros assuntos que não os relacionados ao trabalho. "É a primeira vez que pego um personagem desse tamanho. Quando chegou o primeiro bloco de capítulos, pensei: Meu Deus, será que vou conseguir decorar isso tudo?", recorda.

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