A construção de um estúdio panorâmico na cobertura do Canal da Música teria abalado o prédio, comprometendo a sua estrutura, conforme avaliações iniciais de técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu). As obras estão suspensas desde sexta-feira, por determinação do governador Roberto Requião.
A situação piorou com as fortes chuvas dos últimos dias, e tem alarmado os funcionários do Canal, que abriga as rádios e TV Educativa do Paraná. A construção do estúdio interferiu na vedação do local e deixou a estrutura do edifício exposta à ação do tempo. Com as chuvas, as infiltrações tomaram conta dos andares, que correm o risco de desabar, caso os problemas tomem maiores proporções. As salas da presidência, da produção e do jornalismo, no primeiro andar, estão alagadas. No térreo, a água escorre pelas paredes e inunda as escadarias e corredores. Dezenas de faxineiras trabalham nos pontos mais críticos para minimizar os problemas e dar condições de trabalho aos funcionários, que trabalham ao lado de baldes e bacias usados para conter a água.
O gesso umedecido do teto das salas está se desprendendo e caindo sobre as mesas. A água também atingiu as canaletas de eletricidade e compromete as instalações elétricas, de telefone e dos computadores. O risco de curto-circuito é iminente. “O teto está uma piscina. Espero que não tenhamos que parar nossas atividades cada vez que chover”, afirma Lu Rufalco, diretora da TV Educativa do Paraná, que explica que uma das salas da administração teve que ser isolada por divisórias para que os funcionários pudessem continuar suas atividades.
Outro agravante é a inclinação do telhado do novo estúdio, que deságua na parte antiga do prédio, não projetada para receber tal vazão. As calhas transbordam e causam infiltrações nos estúdios de rádio e TV. Os equipamentos dos estúdios estão sendo protegidos para que não sofram danos. Na ilha de operação de TV, as goteiras ameaçam danificar as máquinas. Nos estúdios 1 e 2 as poças estão sendo secas a cada hora.
O governador Roberto Requião determinou a suspensão das obras até que sejam submetidas a uma avaliação criteriosa de duas comissões de vistoria instituídas pelo secretário de Desenvolvimento Urbano, Renato Adur, e pelo próprio governador.
Estúdio 3
A construção do novo estúdio obedeceu a critérios estéticos determinados por projeto aprovado pelo governo anterior. O novo espaço prevê a colocação de vidros, material inadequado para o isolamento térmico e acústico, sobre uma estrutura metálica, o que gera uma sobrecarga nos elementos estruturais do edifício. Para suportar o peso, as estacas de fundação estão recebendo reforços e uma cortina de concreto está sendo levantada no local.
De acordo com os técnicos da Sedu/Paranacidade, a concepção arquitetônica do novo espaço poderia ter sido melhor estudada, em função da disponibilidade de área em torno da edificação, diminuindo custos, prazos e problemas.