Canal Artel chega para popularizar artes refinadas

Se estivessem vivos. Fellini e Beethoven já poderiam ficar despreocupados na hora de brigar na televisão por público com o último blockbuster de ação ou com o cantor de sertanejo universitário que lidera os pedidos nas rádios. Com programação inteiramente dedicada à música erudita, documentários, filmes clássicos, fotografia e arquitetura, o canal Arte1 tem sua estreia oficial hoje – dia em que também passa a ocupar a posição 115 no line-up da Net – e tem o objetivo de se firmar como espaço para todo tipo de arte refinada na TV.

“Algumas pessoas nunca tiveram chance de ver o (Ingmar) Bergman. Vamos apresentar de uma maneira acessível. Somos segmentados, mas não queremos ser uma TV de nicho. Temos essa missão de falar para um público maior”, avisa Rogério Gallo, diretor-geral do canal pago, que pertence ao Grupo Bandeirantes. Ele divide uma única sala, na sede da emissora-mãe, no Morumbi, zona sul de São Paulo, com 30 pessoas da produção, edição e departamento comercial. A estrutura ainda é tão pequena que parte do ambiente está sendo transformado em estúdio.

Aprovado como canal brasileiro de espaço qualificado – que transmite pelo menos 12 horas diárias de conteúdo nacional feito por produtoras independentes -, o Arte1 está em teste desde dezembro no pacote básico de operadoras, como Sky e Claro TV e alcançou 6 milhões de assinantes. Com a entrada na Net, a base deve chegar aos 10 milhões.

A ideia do canal é popularizar concertos, óperas e filmes do circuito de arte. “Os programas sempre têm uma introdução em que você situa sem ser didático. Não há intenção de ser professoral, não é um canal educativo. É sempre um sabor que, se você já conhece a história, não vai ficar ofendido. O cara que não conhece vai falar ‘Nossa!’. É para abrir a porta para um público novo.”

Em um momento em que as TV pagas investem na classe C, o diretor afirma que também está de olho nesse filão. “A gente dá acesso ao público que não foi ao Scala de Milão, ao Louvre, e traz conteúdo que vão curtir. Essa classe ascendente, do mesmo jeito que quer consumir, também quer ter acesso a outro tipo de conteúdo. Faz parte dessa ascensão social”, avalia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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