Mac DeMarco, aos 23 anos, é conhecido por suas estripulias no palco e pelo estilo boné-tênis e jeans. Mas diz fazer uma música que “para ele e ninguém mais” é introspectiva e reflexiva. O canadense toca pela primeira vez no Brasil nesta quarta-feira, 19, e quinta-feira, 20, no Sesc Belenzinho. Na sexta-feira, 21, se apresenta no Beco 203, em Porto Alegre.
Mac apareceu como uma das revelações do ano de 2012, quando lançou um EP e o primeiro álbum, 2. Sua música pode ser facilmente reconhecida pelos solos em timbre de guitarra mais cru, indie flertando com o pop. Ao vivo, com Peter Sagar (guitarra), Pierce McGarry (baixo) e Joey McMurray (bateria), soa mais forte, o que até “confunde as pessoas”, diz. Ele já chegou a tirar toda a roupa num show – além de fazer versões engraçadas de Beatles e Garota de Ipanema.
Um hino à sua marca de cigarros preferida (Ode to Viceroy) e a honesta declaração de amor My Kind of Woman são algumas de suas canções mais conhecidas. A escrita é simples, mas de versos bem elaborados.
Salad Days, música que abre e dá nome ao disco que lança em abril, vem cheia de referências literárias. A expressão foi cunhada por Shakespeare na peça Antônio e Cleópatra, numa fala da rainha egípcia sobre seus dias de mais vitalidade e idealismo (e, claro, menos maturidade). “As pessoas podem pensar que é um disco sobre ficar mais velho e mais cansado da vida, mas na verdade trata-se de um lembrete para mim mesmo: não se torne um chato”, explica Mac.
Passing Out Pieces, outra já divulgada neste ano, surpreendeu fãs com órgãos distorcidos e graves mais fortes. Também é nostálgica: “As coisas que vivi e minha mãe não sabe deixaram marcas tão fortes / é difícil de acreditar no que me tornei depois”, canta no refrão. Nos shows do Brasil, a banda deve tocar boa parte das músicas do novo disco.
“Não quero dizer para ninguém o que fazer das suas vidas, nem falar de coisas que não tenho a menor ideia, que não vivi. Só resta falar de mim”, comenta. Entre brincadeiras e preocupações com o futuro, DeMarco parece realmente se inspirar em um de seus ídolos, Johnatan Richman, líder dos Modern Lovers que influenciou o punk rock. No fim dos anos 1970, um dos slogans da banda, retirado da publicidade americana, era “a maior diversão que você pode ter sem estar pelado”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.