A Camerata Aberta fecha sua primeira temporada como grupo permanente dedicado à música contemporânea – fato auspicioso, para ser muito festejado – com um concerto hoje à noite em Nova York, na Americas Society. A entidade tem sede na Park Avenue, foi criada em 1965 por David Rockfeller e promove eventos culturais tendo como temática a integração entre as culturas das Américas.
Serão, ao todo, oito peças – seis de compositores brasileiros e duas de europeus. Em muitos anos, é a primeira vez que se faz um repertório por lá que espelha a produção recente de música contemporânea no Brasil. O fato de basicamente serem obras de compositores ligados à Camerata, neste caso, é quase mera coincidência, já que se trata de criadores expressivos da atual realidade musical do país: Silvio Ferraz e Sérgio Kafejian são ambos dirigentes da Camerata; e o carioca Roberto Victorio, radicado em Mato Grosso, e o paulista Flo Menezes integram o conselho artístico da Camerata. A violinista Elissa Cassini interpreta “Gestures” de outro brasileiro, Arthur Kampela, radicado há tempos em Nova York. Abrindo o programa, um Villa-Lobos curto (o choro para violino e violoncelo).
São dois, entretanto, os detalhes inesperados neste concerto. Primeiro, a inclusão de peças do italiano Giacinto Scelsi e do francês Pierre Boulez. Não faria mais sentido propor obras de criadores latinos, ou mesmo norte-americanos? O segundo detalhe só é explicável por questões financeiras. Dos 16 músicos efetivos da Camerata, apenas seis participam. Se a razão for financeira, tudo bem. Mas perdeu-se a oportunidade de mostrar neste privilegiado espaço internacional peças para formações maiores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.