Ser uma orquestra dedicada exclusivamente à produção contemporânea, com a proposta de “incomodar” o público – um incômodo saudável, que propõe diálogos musicais e investiga o que de mais novo há na composição brasileira e internacional. É com esse objetivo que sobe hoje ao palco do Sesc Vila Mariana para sua estreia a Camerata Aberta.
Idealizado por Silvio Ferraz e Sergio Kafejian, o conjunto é subvencionado pelo governo do Estado por meio da Santa Marcelina Cultura, organização social responsável pela gestão das escolas de música estaduais e de projetos como o Festival de Inverno de Campos do Jordão. As origens da Camerata, a propósito, nos levam de volta à edição do ano passado do evento, quando foi formada uma orquestra para interpretar obras contemporâneas. Na ocasião, ela foi justamente comandada pelo maestro francês Guillaume Bourgogne, que estará à frente da Camerata em seus primeiros três meses.
Bourgogne fala de aventuras sonoras, de “música inquieta”, de uma “aventura por novos territórios do som”. Prova da proposta é o repertório de hoje. A primeira peça é Talea, do francês Gérard Grisey, representante do que se conhece como “música espectral”, em que a composição, ajudada por sistema eletrônicos, é guiada pelos espectros do som. Cismas, da brasileira Marisa Rezende, explora as ressonâncias do piano, recriando “devaneios, sonhos, inquietações”.
Já em Araés, a inspiração de Roberto Victorio é o Planalto Central brasileiro, que ele recria musicalmente a partir de textos poéticos de autores da região. Do compositor e arquiteto grego Iannis Xenakis, a escolhida foi Thallein, que reúne algumas das principais tendências do compositor ao longo de sua carreira. Em meio a essas obras, aparece ainda A Arte da Fuga, monumento da música de Bach, tão distante do público quanto a produção de novos compositores. A Camerata é composta por 16 músicos, que formam um dream team de instrumentistas brasileiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Camerata Aberta. Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, em São Paulo). Tel. (011) 5080-3000. Hoje, às 21h. R$ 16.