A caixa Trilogia do Homem Sem Nome (R$ 59,90) traz três DVDs dos seminais western spaghetti de Sergio Leone – “Por um Punhado de Dólares”, “Por Uns Dólares a Mais” e “Três Homens em Conflito” -, realizados entre 1964 e 1966. Um por ano, com Leone surfando alegremente a onda de sucesso, com o velho faroeste reciclado no Velho Mundo, com toques grandiloquentes de “cinema de arte”. E um ator, que se revelaria muito especial, o tal do homem sem nome, Clint Eastwood.
Clint criou um tipo ideal, cool, eterna cigarrilha nos lábios, olhos frios, um relâmpago no gatilho. Encaixou como luva (de caubói) na concepção dramática de Leone, que colocava lente de aumento no gênero por excelência do cinema americano e lhe dava tom expressionista. E, claro, uma comicidade que vinha pelo exagero. Não basta ao personagem de Clint ser rápido no gatilho ou corajoso – ele tem de mostrar destemor próximo da loucura e agilidade com as armas que ultrapassa o verossímil.
São assim as peças que compõem essa trilogia. No primeiro, “Por um Punhado de Dólares”, Leone relê “Yojimbo” (1961), o clássico de Akira Kurosawa, fazendo de Clint um “caubói samurai” que destrói duas gangues, jogando uma contra a outra. Igualzinho à história do mestre japonês, com a diferença de que a arma agora é uma pistola e não a velha espada. Como no filme de Kurosawa, Clint é tão solitário quanto um “ronin”, o samurai sem rei que erra em busca de serviço para sua arma. E acaba fazendo o bem ao livrar a cidadezinha dos malfeitores que a oprimem.
Em “Por Uns Dólares a Mais”, Clint enfrenta Índio, o bandido mais temido da região. Mas terá de se haver com Mortimer (Lee van Cleef), também decidido a capturar Índio e ficar com o dinheiro da recompensa. No fecho da trilogia, “Três Homens em Conflito”, Clint precisa se associar a dois bandoleiros (van Cleef e Elli Wallach) para tentar encontrar uma fortuna em ouro roubado. No pano de fundo, a Guerra Civil Americana. É o mais longo dos três (163 minutos) e alguém como Quentin Tarantino disse que era o filme mais bem dirigido que ele havia visto em toda sua vida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.