Bons tempos aqueles em que Jorge Ben Jor era “só” Jorge Ben. Seus álbuns lançados pela Philips nas décadas de 1960 e 70 são clássicos. Sempre tocam nas festas de som vintage, nunca saíram das pistas de bailes de samba-rock, nem dos players caseiros de dezenas de jovens músicos, que até hoje se inspiram neles. Fora de catálogo há muito tempo, 13 álbuns que Ben lançou entre 1963 e 1976 voltam remasterizados e reunidos na caixa Salve, Jorge!, da Universal.

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Em 1967, Ben lançou “O Bidu” (Silêncio no Brooklin), pela gravadora AU, além de compactos que hoje são raridades, com “A Minha Menina”, “Queremos Guerra”, “Salve-se Quem Puder” e “Tê Tê Tê Tê Tereza”.

Isso tudo ficou de fora da caixa, mas o que tem já é uma imensa e valiosa mina de ouro do papa do suingue – para quem se interessar em garimpar boa parte do que de melhor se fez na música pop afro-brasileira. Todos os discos já tinham saído em CD, mas a maioria sem muito cuidado, na série Colecionador, e logo sumiram de circulação.

A caixa inicia-se e encerra com dois álbuns históricos. Obrigatório em qualquer discoteca básica de música brasileira popular, “Samba Esquema Novo”, de 1963, é o revelador álbum de estreia.

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Como diz o título, Jorge Ben criava ali uma nova batida para o samba, pós-bossa nova, fazendo do violão um instrumento de ritmo, dispensando o contrabaixo da orquestra, como comentou Armando Pitigliani na contracapa do LP. No repertório, pelo menos três clássicos instantâneos: “Mas, Que Nada!”, “Chove, Chuva” e “Por Causa de Você, Menina”.

Quando “África Brasil” (1976) foi relançado em CD na série “Samba & Soul”, Charles Gavin comentou que tudo o que sempre se quis saber sobre samba-rock estava naquele disco.

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Misturando o suingue do samba com funk e rock pesado, Ben evoluía na mistura que ele próprio criou e que até hoje ferve nas pistas para casais de dançarinos malabaristas rodopiarem.

O disco de 76 abria e fechava com dois tijolaços: “Ponta de Lança Africano” (Umbabaraúma), regravado pelo Soulfly décadas depois, e a faixa-título, remake de Zumbi. Foi nesse disco que ele também registrou uma das inúmeras versões de “Taj Mahal”.

Outro dos mais importantes dessa fase é “A Tábua de Esmeralda” (1974), que tem “Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas”, “Hermes Tri” e “Errare Humanum Est”, com letras de temática e referências existencialistas e mágicas, como a tábua que dá título ao disco, cujo texto foi escrito pelo faraó egípcio Hermes Trismesgisto, homenageado também em “África Brasil”.

Tem ainda a gravação original de “Zumbi” e outros hits – “Minha Teimosia”, “Uma Arma pra te Conquistar” e “O Namorado da Viúva”. Os outros álbuns são “Sacundin Ben Samba” (1964); “Ben É Samba Bom” (1964); “Big Ben” (1965); “Força Bruta” (1970); “Negro É Lindo” (1971); “Ben” (1972); “10 Anos Depois” (1973), “Solta o Pavão” (1975) e “Gil & Jorge” (1975).