Caixa com os primeiros álbuns de Raul Seixas é lançada

Para os fanáticos por Raul Seixas (1945-1989), que não são poucos, é chover no molhado, mas para os não iniciados, a caixa “10.000 Anos à Frente” (Universal) é o que há de melhor para ser explorado no baú do roqueiro.

O box contém seus seis primeiros álbuns, gravados na Philips – os clássicos “Krig-ha, Bandolo!” (1973), “Gita” (1974), “Novo Aeon” (1975) e “Há 10 Mil Anos Atrás” (1976) e duas antologias com hits do rock dos anos 1950 e 60.

O primeiro teve três versões. Inicialmente, o disco se chamava “Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock” e foi atribuído a uma banda inventada, Rock Generation.

Tão fake quanto a banda são os aplausos e assobios que dão a impressão de se tratar de um disco ao vivo. Essa é a parte chata. Já com o de Raul, o LP foi relançado em 1975, intitulado “20 Anos de Rock” e relançado em 1985 como “30 Anos de Rock”. A capa da última versão é que foi para o CD.

Nele, Raul repassa os primórdios do rock americano e brasileiro em medleys. O outro do gênero, “Raul Rock Seixas”, de 1977, é uma sequência mais consistente. Na última faixa, Raul funde Blue Moon of Kentucky com Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira).

Em Gita, Raul canta um bolerão rasgado (“Sessão das 10”), canção ao estilo Broadway com ares jazzísticos (“Moleque Maravilhoso”) e, entre temas espiritualistas, filosóficos, libertários e ecológicos, na maior parte em parceria com o letrista Paulo Coelho, também reforça o bom senso de humor.

Nesse aspecto, o melhor vem no álbum seguinte, Novo Aeon (que abre com “Tente Outra Vez”) na impagável brega “Tu És o MDC da Minha Vida”. O disco de 1976 se inicia com a canção mais dramáticas da dupla Raul-Coelho, “Canto para Minha Morte”, cujo ritmo não poderia ser mais adequado: um tango.

Nem é preciso dizer que Gita parece uma coletânea de clássicos, com Medo da Chuva, Trem das Sete, Sociedade Alternativa (que virou uma espécie de hino da tolerância), algumas já citadas acima e outras mais.

“Krig-Ha, Bandolo!” não fica atrás com “Ouro de Tolo”, “Al Capone”, “Metamorfose Ambulante”, “Mosca na Sopa”, etc. Os CDs contêm as mesmas faixas-bônus de quando foram lançados em outro box set, Maluco Beleza, de 2002. As únicas novidades são o formato da caixa e os textos do jornalista Silvio Essinger.

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