Caingangues nas escolas públicas

Atualmente nem todos os índios conseguem viver em aldeias, por falta de terras demarcadas. Muitos vivem nas periferias da cidade, outros vivem em bairros. Diversos possuem carro, celular e conta bancária. Nesse contexto aprendem novas modalidades de comercialização de seus produtos artesanais e atualizam suas tradições.

Isso acontece, por exemplo, com os caingangues que residem próximo a São José dos Pinhais-PR. Além de venderem seus produtos (pulseiras, presilhas, cocares, arcos e flechas, anéis, etc.) em calçadões, feiras e de colocá-los em diversas lojas, os apresentam aos alunos das escolas nas quais são convidados a dar palestras.

A chegada dos índios foi preparada no Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira, bairro Tranqueira, Almirante Tamandaré-PR, onde estiveram nos dias 25 e 26 de agosto de 2005. Adriana Trevizan, diretora, comenta: ?Houve apoio das serventes, dos funcionários, dos professores e da equipe pedagógica. Para a estadia dos índios na escola, a professora Marta Favero levou colchonetes, o professor José Luis, a Célia Paes, da cantina, e a supervisora Adalzi Paes trouxeram colchões, a vice-diretora Liliane Bonfim contatou as meninas da cantina para que providenciassem a alimentação?.

A família do vice-cacique Alcino de Almeida conversou com os alunos sobre como vivem. E diante da curiosidade dos estudantes, professores e funcionários, explicou que não andam nus como antigamente e que é preciso que os não-índios mudem o modo de ver os índios de hoje.

Franciele Galvan, Débora Bueno, professor Stival, Deise Pampuch e Eliton Antoniacomini.
(fotos: Roberto Machado).

A diretora comentou que ?a vinda dos índios enriqueceu o dia-a-dia dos alunos e das mães que vieram conhecer o trabalho deles. Podemos constatar sua importância para a nação brasileira e suas dificuldades?.

Alcino disse que a troca de informações e a partilha de conhecimentos se tornaram possíveis nos dois dias de encontro. E para o índio Marcelino Salvador, que acompanhou Alcino, houve uma ótima aceitação por parte de todos.

Sem dúvida, os índios conquistaram a comunidade. Além das palestras jogaram futebol de salão com os estudantes das 8.a B e 8.a C.

Houve interesse por parte da direção de escolas próximas ao Colégio Ângela Sandri em contatar os índios: Na Escola Municipal Bortolo Lovatto, Alcino e Marcelino falaram com os estudantes durante 40 minutos. No Centro Municipal de Educação Infantil Tia Chiquita, foram fotografados junto com as crianças.

No próximo 15 de setembro, às 19h, os caingangues estarão no CEEBJA-Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Ayrton Senna, centro, Almirante Tamandaré. Doroti Coelho, diretora do CEEBJA, frisa: Devemos respeitar e aprender com os índios que, como primeiros habitantes do território brasileiro têm muito a nos ensinar.

Caso haja interesse de alguma escola em receber os índios, ligar para o Alcino pelo telefone: 96417623.

P.S. – Ainda no Colégio Ângela Sandri Teixeira, estudantes das 8.ª séries, durante o mês de agosto de 2005, realizaram pesquisas (em livros e internet) sobre as quatro maneiras possíveis de se encontrar a solução de uma equação do 2.º grau (encontro das raízes reais).

As respostas corretas são: Fatoração pelo Trinômio Quadrado Perfeito (TQP), Método Geométrico, Fórmula Resolutiva e Soma Produto. A equipe vencedora (foto) é composta pelos discentes Franciele Galvan, Débora Bueno, Deise Pampuch e Eliton Antoniacomi. No centro da foto está o professor João Stival que orientou o trabalho.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

queirozhistoria@terra.com.br

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo