É fácil encontrar defeitos em Café com Canela, e a bem da verdade é o que parte da crítica anda fazendo. Mas também é injusto. O longa da dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio concorreu em Brasília no ano passado. Não se compara a Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, que venceu o Candango principal – e já é o grande filme brasileiro do ano -, mas Café com Canela, com seus três prêmios (atriz, para Valdinéia Soriano, roteiro e júri popular), possui um encanto especial.
Era o filme certo, na hora certa. Tem havido nesse Brasil um clamor pela discussão de temas ligados à mulher, ao negro, à identidade LGBT. Café com Canela tem tudo isso, e num clima de humor e baianidade. Começa de um jeito que parece que vai ser uma comédia eufórica, mas logo muda o tom. Uma senhora que sofre a dor da perda do filho – Valdinéia.
A ex-aluna que tenta trazê-la de volta para a vida. Babu Santana também poderia ter sido premiado pelo seu papel, o médico gay Ivan.
Como Benzinho, outra estreia desta quinta, é outro filme sobre afeto, sobre outro tipo de perda (o filho que parte, não morre). O cinema humano brasileiro não perde nada para o argentino.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.