Muitos dos jovens que por volta das 20h30 do último sábado, 12, abarrotaram o Memorial da América Latina, na zona oeste de São Paulo, não haviam sequer completado 25 anos. Havia ali gente de diferentes tribos e estereótipos, das faixas coloridas no cabelo, passando pelas roupas largas que faziam alusão ao estilo hip-hop gourmet.
Todos, entretanto, tinham um único objetivo: reverenciar Caetano Veloso, principal atração do Coala Festival, que em 2017 chegou à sua quarta edição.
Quando Caetano compôs boa parte do repertório do show deste sábado, muitos dos que estavam presentes ali nem sonhavam em nascer. Apesar disso, os jovens fechavam os olhos e cantavam as canções em alto e bom som. De Reconvexo à complicada letra de Podres, Poderes, tudo saía na ponta da língua, sem o menor esforço. “Caetanear”, dizia a tatuagem de uma das jovens que assistiam à performance do cantor e compositor baiano. A súplica a Caetano é mais do que merecida. É justa e pertinente. Ninguém fez tanto pela música popular brasileira quanto ele. O reconhecimento veio com um público jovem, recém-saído das fraldas, é verdade, porém, admirador de seu trabalho.
Foram poucas palavras. Cinco ou seis no total, incluindo um modesto “Fora, Temer”. Com seu velho violão nas mãos, ele disparou os hits um a um. Nosso Estranho Amor, Odara e A Luz de Tieta, Caetano cantou e encantou. Os mais jovens deram o recado: “Conhecemos Caetano muito bem, obrigado”. Ainda há esperança.
Quem foi ao Memorial da América Latina viu de perto o que de melhor o hip-hop pode oferecer ao grande público. Emicida, seu irmão mais novo, Fióti, e Rael fizeram uma performance altamente explosiva, política e cheia de rebolado. “Joesley solto e Rafael Braga na cadeia? Libertem Rafael Braga”, disse Emicida. Rafael Braga era um morador de rua quando foi preso em 2013, no auge das manifestações de rua no Brasil, acusado de portar uma garrafa de desinfetante – sendo detido novamente em 2016 por portar 0,6 grama de maconha e 9,3 gramas de cocaína.