O telefonema do diretor Ricardo Waddington dizia apenas que Vanessa Giácomo faria testes para Cabocla, a próxima novela das seis da Globo. No dia e hora marcados, a atriz compareceu ao Projac sem saber exatamente que papel disputaria. Quando soube que a personagem em questão era uma tal de Zuca, respirou aliviada: “Ah, ainda bem que não é para a ?cabocla?…”, pensou ela, temerosa de estrear na tevê em um papel de destaque. O que Vanessa não sabia, porém, é que Zuca e “cabocla” são a mesma pessoa.
Na trama de Benedito Ruy Barbosa, Zuca era a tal caboclinha tímida que dava título à novela, originalmente exibida em 1979. Esclarecido o mal-entendido, Vanessa garante que foi bom mesmo não saber que os testes eram para a protagonista. “Senão, eu teria ficado mais nervosa ainda”, confessa.
O nome de Vanessa Giácomo, porém, não foi o primeiro a ser cogitado por Ricardo Waddington. A princípio, ele pensou mesmo em Cléo Pires para interpretar a personagem que, na versão original, pertenceu à sua mãe, a atriz Glória Pires. Por coincidência, a novela Cabocla marcou o início do romance entre Glória e Fábio Jr., pais de Cléo. “Ela alegou que seria constrangedor repetir o papel da mãe”, lamenta Ricardo. Com a recusa de Cléo, Vanessa passou a ser uma forte candidata ao papel. Depois de disputá-lo com outras 15 concorrentes, soube que o sonho de ser atriz, iniciado aos 13 anos, quando começou a fazer teatro, estava se tornando realidade. “Esse é o sonho da minha vida! Todo mundo que tem um sonho, deve correr atrás dele”, ensina.
De Volta Redonda
Embora a Zuca do romance de Ribeiro Couto seja mineira, Vanessa Giácomo é do Rio de Janeiro. Mais precisamente de Volta Redonda, localizada a 110 km da capital. No modesto currículo, apenas algumas peças, como o monólogo Valsa n.º 6, de Nelson Rodrigues, sua favorita. Quando completou 18 anos, Vanessa resolveu tentar a sorte no Rio em companhia da mãe, dona Ivonete. Na Globo, fez figuração em programas, como Malhação, Presença de Anita e até Linha Direta. “Cansei de fazer teste e não passar. Nessas horas, você se acha uma péssima atriz”, confessa. Foi na época em que fez figuração em Malhação, já na fase colegial, que Vanessa conheceu Ricardo Waddington, atual diretor de núcleo do “folheteen”. Apesar da responsabilidade de estrear em novelas logo no papel de protagonista, Vanessa diz ter plena confiança no diretor. “O Ricardo não vai deixar nada feio ir ao ar”, acredita.
Assim que teve o nome confirmado no papel-título de Cabocla, Vanessa recebeu algumas recomendações de seu “mentor”. A primeira delas é que não dissesse nada a ninguém. “A única pessoa para quem eu podia contar alguma coisa era a minha mãe”, ressalva. Em seguida, Ricardo proibiu a “pupila” de assistir a trechos da novela original. Aos 20 anos, Vanessa não tinha nem nascido quando Cabocla foi ao ar… Em contrapartida, porém, Ricardo confiou Vanessa aos cuidados da preparadora de atores Paloma Riani, a responsável por Mel Lisboa em Presença de Anita e Pedro Malta em Coração de Estudante. Juntas, as duas leram os primeiros capítulos da novela, reescrita pelas filhas de Benedito, Edmara e Edilene Barbosa. “Eu e a Zuca temos muito em comum. Também falo o que penso e sei o que quero”, valoriza.
Quituteira
A parte mais divertida da preparação, porém, ficou por conta dos 20 dias que o elenco passou em um haras em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Lá, Vanessa aprendeu a andar a cavalo, tirar leite de vaca e cozinhar em fogão a lenha. “Saí de lá prendada!”, brinca. De fato, a atriz se arriscou até a fazer pão de queijo, quitute típico da culinária mineira, que foi prontamente aprovado pelos diretores Ricardo Waddington e Rogério Gomes. No haras, Vanessa teve a oportunidade de conhecer também alguns atores do elenco, como Tony Ramos e Patrícia Pillar. “Estou muito feliz por poder trabalhar com gente que sempre admirei. Tenho muito a aprender com todos eles”, derrama-se.