Burt Bacharach completa 85 anos no dia 12 de maio, mas não pensa em se aposentar. Ao contrário. O maestro e compositor norte-americano, autor de grandes sucessos como Alfie e The Look of Love, está em plena atividade. Volta ao Brasil em abril para duas apresentações – a primeira no Rio, dia 18, e a segunda, dia 20, no HSBC Brasil, em São Paulo. Bacharach voltou também ao mundo dos musicais (o mais antigo, Promises, Promises, de 1968, era uma adaptação teatral do filme Se Meu Apartamento Falasse, de Billy Wilder, remontado na Broadway há três anos). Depois da estreia de Some Lovers há dois anos, em San Diego, Califórnia, ele prepara um novo musical com Elvis Costello baseado na série de cinema Austin Powers, e, em maio, lança nos EUA a autobiografia Anyone Who Had a Heart, contada pelo maestro ao jornalista Robert Greenfield, biógrafo de Timothy Leary.

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Bacharach, animado, anuncia todas essas novidades por telefone. Está feliz por ter encontrado Elvis Costello, o marido da cantora canadense Diana Krall, que, desde 1995, tem sido seu parceiro musical mais constante, quando os dois escreveram juntos a canção God Give Me Strengh, tema do filme Grace of My Heart, que levou a dupla a gravar um CD inteiro, Painted from Memory (1998). Costello, fã antigo de Bacharach, foi, de algum modo, o responsável pelo revival do maestro, que, depois desse encontro, gravou o experimental At This Time (2005) ao lado do rapper e produtor Dr. Dre e do cantor Rufus Wainright e – inimaginável – com um repertório que incluía canções engajadas de um compositor essencialmente associado a canções de amor, assinadas por ele e o letrista Hal David, morto em setembro passado, aos 91 anos.

Pela primeira vez, no disco At This Time, arriscou assinar as letras das próprias composições em parceria com o veterano Tonio K. (cujas canções já foram gravadas por Al Green). O disco ganhou o Grammy de 2005 (melhor pop instrumental) e, desde então, Bacharach só faz colecionar prêmios. “Fiquei bastante emocionado ao receber o prêmio Gershwin das mãos de Barack Obama, em maio do ano passado, na Casa Branca”, diz o compositor, lembrando o apoio político que concedeu ao presidente em sua campanha pela reeleição. O democrata Bacharach, que se arrepende de não ter sido mais engajado no passado – ele escrevia canções leves em plena guerra do Vietnã -, busca recuperar o tempo perdido apostando em trabalhos mais densos, embora não despreze a grande obra musical popular construída com o parceiro Hal David, gravada por todo mundo que importa no mundo pop e do jazz, dos Beatles a Nina Simone.

“Veja, há dois anos estreamos o musical Some Lovers, que conta a história de um casal em dois difíceis momentos da vida, explorando o paralelo com o casal de O Presente dos Magos, de O. Henry”, conta Bacharach. Ele destaca o libreto do parceiro Steven Sater (premiado com o Tony pelo musical O Despertar da Primavera, já montado no Brasil) e comenta: “(Hal) David se foi, mas fui presenteado com novos parceiros como Elvis (Costello), Tonio (K.) e Steven (Sater)”.

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Sobre a parceria com Hal David e a briga que separou a dupla por dez anos, limitando a comunicação a conversas por meio dos respectivos advogados, Bacharach garante que conta toda a história na autobiografia, cujo conteúdo, adianta ele, vai muito além dos momentos de glória. “Falo de meus quatro casamentos e também de minha filha Nikki, que cometeu suicídio há seis anos.” Nikki Bacharach tinha 40 anos e sofria da síndrome de Asperger. Nascida prematura do casamento do maestro com a atriz Angie Dickinson, Nikki morreu sufocada com um saco plástico.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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