Perda

Bueno deixará saudades no mundo literário

Expoentes da literatura, jornalismo e fotografia, autoridades políticas, amigos e familiares passaram, ao longo do dia de ontem, na Capela da Luz, em Curitiba, para prestar as últimas homenagens ao premiado escritor Wilson Pinto Bueno, 61 anos. Ele foi encontrado morto na tarde da última segunda-feira, no segundo andar do sobrado onde morava, no bairro Tingui, em Curitiba.

O corpo foi encontrado, com marcas de violência, depois que uma funcionária da residência estranhou o silêncio do patrão. Bastante emocionado, o irmão adotivo de Bueno, João Santana, disse duvidar que o escritor tenha sido vítima de um assalto.

“A pedido da polícia, não podemos dar muitas informações. Porém, não acredito que tenha sido um assalto, pois apenas dois aparelhos celulares e uma câmera digital foram roubados, embora também tenha havido tentativa de se levar um carro. Eu e toda família estamos muito chocados com o que aconteceu”, revelou.

Já na entrada da capela foi exposto um cartaz com fotografias de Wilson e um texto dele que, de acordo com os amigos mais íntimos, traduz sua essência: “Eu não viveria, absolutamente, sem escrever. Não me concebo sem escrever. Não concebo o mundo sem a expressão literária. (…) A literatura para mim é isso: uma pulsão vital, absoluta, sem a qual o mundo seria muito mais pobre”.

Desde a infância o autor produzia crônicas e lia poesias. Wilson Bueno tinha treze livros publicados e mais um que já estava pronto e que será lançado em breve. O primeiro foi Bolero’s bar, em 1986.

“Vários livros do Wilson foram traduzidos para várias línguas e faríamos uma viagem para a América do Norte para falar sobre esses trabalhos ainda este mês”, conta João. O velório foi encerrado com uma missa de corpo presente. O premiado es-critor foi enterrado às 17h, no Cemitério Municipal do Santa Cândida, em Curitiba.

Acompanhe as palavras de colegas do autor que estiveram presentes no velório:

– Dante Mendonça, jornalista.

“Uma vez, Wilson deu uma entrevista a O Estado do Paraná em que disse que o passado o condenava, mas que o futuro o condenaria ainda mais. Quando disse isso, ele não imaginava que teria uma morte tão brutal. Com seu falecimento, a literatura paranaense teve ceifada uma de suas grandes cabeças”.

– Toninho Vaz, escritor.

“Ele fazia piada consigo mesmo e era uma pessoa com a qual desenvolvi grande amizade e relacionamento profissional. A última vez que falei com ele foi na quarta-feira da semana passada. Avisei que estava indo a Curitiba e combinamos de nos encontrar”.

– Cido Marques, cineasta e primo de Wilson.

“Ele vivia uma fase gloriosa, colhendo os louros do seu trabalho. Ao mesmo tempo, estava sozinho, já que perdeu um irmão em 2001, a mãe no ano passado e o pai, há cinco meses”.

– Fábio Campana, jornalista.

“Wilson era uma inteligência rara que eu conhecia desde a adolescência. É um marco da literatura, do universo cultural, reconhecido internacionalmente. A vida dele era uma experimentação”.

– Luiz Manfredini, jornalista.

“Éramos vizinhos e quando voltávamos da escola, líamos e escrevíamos. Conversávamos sobre literatura a todo o tempo. Ele desenvolveu ao longo dos anos um texto refinado, mas sem ser pedante”.

– Mussa José Assis, jornalista.

“Quando montei a redação do Correio de Notícias, procurei por um colunista. Veio Paulo Leminski, que me indicou o Wilson Bueno para que os dois se revezassem na produção de textos. Ele sempre foi extremamente rigoroso com a entrega dos materiais e muito talentoso. Quando voltei para O Estado do Paraná, levei os dois comigo”.

– Paulino Viapiana, presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

“O Wilson sempre foi um colaborador da FCC. Foi um grande batalhador pelo fomento da leitura, por uma sociedade mais envolvida com a literatura. Era uma pessoa inteligente, sempre motivada a fazer cada vez mais. Nunca vi Wilson triste ou deprimido”.

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