Bruxaria ingênua

A julgar pelas primeiras cenas, Eterna magia, a nova novela da Globo, cairia bem como um filme água-com-açúcar da Sessão da Tarde. A autora Elizabeth Jhin enfoca um tema que encanta as crianças, com direito a narração em ?off? e imagens coloridas mescladas à animação. Isso sem contar a pretensão de incluir, no primeiro instante de exibição, uma citação do escritor irlandês Oscar Wilde. Não faltaram sequer efeitos especiais, com o mocinho se aventurando em um avião. Mas o resultado não ficou bom e comprovou que a Globo precisa mexer no caldeirão de idéias se quiser agradar alguém que tenha mais do que 10 anos de idade.

A presença de Paulo Coelho, no papel de um deus celta, tem tudo a ver com um folhetim que trata de magia. Sua participação na trama é bastante aceitável. Só é duro de engolir – ou melhor, de entender – a péssima dicção do escritor místico descrevendo histórias e situações. Sua imagem surge repentinamente, meio entre nuvens, e não deixa de ser assustadora em alguns momentos.

Elizabeth Jhin importou irlandeses e bruxas para Minas Gerais. E o que inicialmente soava falso, pode não ser tão estranho, graças ao bom elenco da novela. Cássia Kiss é a perfeita bruxa má e, na maneira de se portar e conduzir a personagem, lembra Meryl Streep no longa O diabo veste prada. Werner Schunemann está seguro como sempre na pele de Maximillian e Irene Ravache promete bons momentos ao encarnar Loreta, uma mulher carregada de amargura. Por enquanto, lembra muito Perpétua, de Joana Fomm, em Tieta. Entre o quarteto de protagonistas, Maria Flor e Cauã Reymond, por enquanto, combinam mais com o contexto do que Malu Mader e Thiago Lacerda. Ela, com a doçura. Ele, com o personagem mais sério que já viveu. A equipe que prepara o elenco, no entanto, precisa ser mais atenciosa com todo o ?cast? para que alguns casos não passem despercebidos. Como Flora, Lívia Falcão parece ter vindo direto de Belíssima, em que interpretava a gaiata empregada, Regina da Glória. O sotaque nordestino destoou entre mineiros e irlandeses. E será preciso mais do que um bom elenco para alcançar um resultado melhor. Na estréia, a trama marcou apenas 28 pontos, de média, contra 36 de sua antecessora O profeta.

Por enquanto, a autora não cometeu nenhum grande equívoco que exija alguma poção mágica para ser corrigido. É mais uma leve novela de época – como já é de costume no horário. Precisa de um tempo para não ser considerada ?bobinha? demais porque, pelo menos de início,o fantasioso beira o exagero .

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