O ano de 2005 é, sem dúvida, um dos mais promissores da carreira de Bruno Garcia. Logo em fevereiro, ele foi convidado pela Record para protagonizar uma de suas próximas produções que não se realizou por falta de acerto financeiro. "Mas é importante a iniciativa de abrir o mercado. É vantajoso para todo mundo", pondera. Coincidência ou não, o ator foi imediatamente chamado para reforçar o elenco da combalida Começar de Novo, de Antônio Calmon. Na dúvida, a Globo decidiu renovar o contrato do ator. E mais: ainda ofereceu a ele o protagonista de Bang-Bang, próxima das sete.
"De certa forma, protagonizar uma novela é uma conseqüência natural. Já vinha fazendo muitos trabalhos na tevê. A única diferença é que, a partir de agora, terei mais cenas para gravar por dia", minimiza.
Na trama de Mário Prata, que estréia em 3 de outubro, Bruno interpreta Ben Silver, forasteiro que perde a família numa emboscada no Velho Oeste. Traumatizado, promete não descansar enquanto não fizer justiça com as próprias mãos. Ávido por vingança, chega à fictícia cidade de Albuquerque atrás de Paul Bullock, um rico fazendeiro interpretado por Mauro Mendonça, o assassino de seu pai. O rapaz, porém, cai do cavalo ao descobrir que a moça mais bonita da região, Diana Bullock, vivida por Fernanda Lima é, na verdade, filha do sujeito que ele planeja matar. "O Ben não é um personagem cômico mas, como é uma novela do Prata, vai ter seus ‘insights’ de humor. Por isso vou ter de dosar muito bem para ganhar credibilidade", admite.
Aos 35 anos, Bruno sabe dos riscos que corre. Afinal, desde que estreou na tevê em 1991, como o Luiz da novela Felicidade, tem se especializado em integrar projetos cômicos. Bissexto em novelas, emprestou sua veia humorística à microssérie O Auto da Compadecida e à "sitcom" Sexo Frágil, ambas do núcleo Guel Arraes. "A comédia é um gênero difícil. Por isso, quando grandes humoristas, como Chico Anysio e Lúcio Mauro, fazem papéis dramáticos, arrebentam", argumenta. Recentemente, Bruno teve a chance de mostrar uma faceta, digamos, mais austera em Coração de Estudante. Nela, interpretou o promotor Pedro Guerra, que disputou o amor de Clara, personagem de Helena Ranaldi, com Edu, de Fábio Assunção.
O convite para protagonizar Bang-Bang, inclusive, partiu do diretor Ricardo Waddington, o mesmo de "Coração de Estudante". "O que me deixa mais à vontade para fazer Bang-Bang é justamente o trabalho do Ricardo. Ele sempre sabe exatamente o que quer e faz questão de deixar tudo muito claro", enfatiza. Por sugestão do diretor, Bruno já começou a assistir a diversos clássicos do gênero, como No Tempo das Diligências e O Homem que Matou o Facínora, do americano John Ford, e Por Um Punhado de Dólares e Era Uma Vez no Oeste, do italiano Sergio Leone. "Honestamente, não busquei inspiração num tipo específico de herói. Mesmo porque o gênero ‘western’ é muito amplo. De John Wayne a Terence Hill, as referências são inúmeras", reconhece o ator.