A política ocupou grande parte da conversa no primeiro contato de Bruce Springsteen com a imprensa sul-americana. Uma instituição da música norte-americana, ele chegou ontem (10), a Santiago, no Chile, onde se apresenta amanhã, 12 – chegou um dia antes de uma data de triste memória para o país, os 40 anos do golpe que derrubou Salvador Allende e colocou o ditador Augusto Pinochet no poder. “É muito importante estar aqui neste momento, muito poderoso”, afirmou o cantor.
Havia 25 anos que Bruce Springsteen não pisava no continente para tocar. A última vez que esteve na América do Sul, em 1988, em Buenos Aires (no estádio do River Plate e em Mendoza, na Argentina) e em São Paulo (no velho Parque Antártica), Springsteen fez apenas um pocket show beneficente em prol da Anistia Internacional (numa comitiva composta ainda por Peter Gabriel, Sting, Tracy Chapman e Youssou N’Dour, entre outros).
“Era um momento muito forte nos países que visitei. Na Argentina, foi impressionante ter contato com o relato de mães e avós cujos filhos e netos foram levados pela ditadura. Aqui no Chile, também havia uma realidade muito dura, triste. Era uma época em que a música e a arte representavam muito, conseguiam falar por muitos. Cheguei aqui e fiquei impressionado com o quanto lembro das coisas”, afirmou.
Sobre a possibilidade de os Estados Unidos invadirem a Síria, aventada pelo governo americano, Springsteen foi menos contundente. “Não sei qual será a atitude correta. Os russos fizeram uma proposta (de negociação para a vistoria das armas químicas do governo sírio). Se for séria, pode ser uma saída. Os EUA fizeram muitas intervenções militares nos últimos anos, no Iraque e no Afeganistão, mas não sei o que dizer, ainda estou confuso”, respondeu à pergunta da reportagem.
O artista desembarcou com o circo completo, a sua mitológica E Street Band, com 17 músicos no palco. O primeiro ensaio na Movistar Arena, onde tocará, já foi um show completo – o homem é obsessivo e perfeccionista. Em Santiago, Springsteen chegou preocupado com o make-up: pediu uma manicure, uma cabeleireira e uma massagista para seu camarim. Ele completa 64 anos no dia 23 de setembro: “Nunca imaginaria que, 50 anos depois, ainda estaria vivendo com a música. Vocês podem pensar que se trata apenas de tolas canções de rock, mas elas têm uma poderosa capacidade de transformação, de transfiguração”.
Bruce fará seu primeiro show da turnê sul-americana amanhã e promete honrar uma tradição: tocar em torno de 3 horas (para cerca de 10 mil fãs). Ainda havia ingressos no dia anterior. O repertório foi parcialmente composto por músicas escolhidas pelo Twitter. “Somos essencialmente uma banda ao vivo”, explicou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.