Brasil: um país abundante

Está cientifica, moral, filosófica e socialmente provado que o ponto focal da mulher que mais atrai o brasileiro (com conotações eróticas) é o bum-bum, vale dizer comumente, a bunda. Viva as tanajuras!

A palavra se incorporou, ainda bem, vinda do africano “m’bunda”, do idioma quimbundo e servia para nomear as regras com aquela parte saliente e, digamos, já atrativa.

O uso da palavra é tão comum como a existência da própria, partindo da premissa de que todo ser humano tem a sua, que até um verbo foi criado e inserido na 1ª conjugação: o verbo “desbundar” que quer dizer “fazer sucesso”. Humm, fulana desbundou naquele desfile.

Falando nisso, quando Gisele Bündchen caminha na passarela todos os olhares masculinos se fixam na “bündchen” dela que, aliás, benza Deus.

Há uma flor chamada “bunda-de-mulata” e um cidadão pode nascer com a “bunda para a Lua”, sortudo. Quando alguém leva o fóra da namorada, da noiva ou da mulher diz-se que ele “levou o pé na bunda”. Por que não no cotovêlo?

Como se nota pelo texto, no Brasil a bunda abunda. De bundear veio a palavra vagabundear, que quer dizer, à-toa com a bunda.

Observem que nestas Olimpíadas gregas a brasileira que fêz mais sucesso por lá e ganhou uma honrosa “medalha de ouro” foi a atleta Ana Paula, do vôlei de praia. Sua parte foi considerada a mais bela bunda das competições. Dizem que Ana Paula não pode se considerar o mais lindo bum-bum da próxima Olimpíada, em Pequim, porque em 4 anos é provável que a bunda já tenha despencado.

Quando o cara é mole no serviço, qualquer serviço inclusive o de marido recebe o apelido de “bunda móle”. Cara feia é “cara de bunda”.

Por “bundões” também eram conhecidos garimpeiros, jagunços e criminosos do sertão baiano.

Se uma mulher está de cabeça baixa e pensativa diz-se que ela está “meditabunda” ou “pensabunda”.

A Venus Calipígia é uma estátua da própria onde se destaca o que o francês, elegantemente, chama de “derriére”. Aliás, lembrando de francês, levei um susto em Paris. Pedi uma informação a um cidadão e ele, cortês e educamente, muito gentil, m’a prestou. Pensei comigo: encontrei O francês bem educado e cavalheiro. Que nada, ele era belga.

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Passemos à análise de bunda sob a ótica da prestação de serviços, coisa que ela faz silenciosamente a não ser quando … bem esse é outro assunto.

A função primordial das bundas é que se pode sentar sobre ela e descansar as pernas. Todos os animais costumam se sentar sobre seus trazeiros, menos o jacaré, que não tem bunda.

Nela você pode tomar injeções e, quando criança, levar palmadas. As bundas são inquebráveis a não ser quando você leva um contra-vapor da vida ou num negócio e pode dizer figurativamente: quebrei a bunda. É através dessa gloriosa parte do corpo humano, também chamada “região glútea” pelos envergonhadinhos de plantão, que o cérebro recebe uma quantidade de informações.

Por exemplo: a sensação de velocidade do carro que você dirige é registrada pelo bum-bum que a transmite ao cérebro. Quando numa longa viagem o popô adormece, você fica inseguro e precisa parar e fazer algum tipo de exercício.

Quando numa sala de espera (principalmente do INSS) você diz que “tomou um chá de cadeira” não foi pela boca e sim, pela bunda, que sofreu na espera.

Quando está muito frio a sensação de frio aparece antes da bunda, que é parte mais carnuda do corpo e, de tal forma, exposta às intempéries do Tempo, como disse certa vez, um deputado paulista, Gualberto Moreira.

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E lembramos, também, que nessa história de bum-buns, popôs, etc. o papel da mulher brasileira é extremadamente importante. Foi aqui na Pátria amada que inventaram os maiôs asa delta e fio dental. Pra quê? Ora, para a mulher brasileira exibir os calcanhares? Mulher rebola a bunda para ser admirada pelos homens e odiada por outras mulheres. No que diz respeito aos homens celebra-se apenas a sunga de crochê do Fernando Gabeira.

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A adoração nacional por bum-buns não é superada nem pelo futebol. A maior exibição tupiniquim de popôs é patrocinada pelas escolas de samba que põe nas avenidas milhares de balouçantes regiões glúteas pra embasbacar assistência, principalmente turistas alemães, ingleses e americanos que vêm assistir bundas aqui no Brasil, já que em suas terras elas não existem. Se existem, nem se nota.

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De vez em quando aparece um iluminado que quer fundar aqui em Pindorama um clube de nudistas. Eles se chamam, delicadamente, de “naturistas”.

Esses clubes, que mais parecem festivais de pingolins balançantes, são cuidadosamente localizados em praias distantes das rodovias. Se destas fossem visíveis as estatísticas de trombadas, abalroamentos, colisões, capotagens, derrapagens e atropelamentos aumentariam cósmicamente. Todo mundo ia querer olhar …

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Elucubrações sobre o tema nacional. Se você é bem fornido de popô, é bem acolchoado. Ao escorregar numa casca de banana na calçada o máximo que ocorre é você provocar uma onda de risadas, inclusive do outro lado da rua. Agora, se é escanifrado, bum-bum sêco e der um escorregão, aí é perigoso. Você pode bater com o cóccix (esse ossinho final que também chamam de “carretel da espinha”), atingir a coluna e ficar o resto da vida andando torto quenem colher da APAE.

Em 1961 a “Sardinha 88” escolheu a sambista mangueirense Adele Fátima, dona de uma espetacular buzunfa, para garota propaganda. Quase derrubou o Cristo de cima do Corcovado aparecendo nos painéis de Copacabana.

A inefável Leila Diniz, na mesma época batizou um barzinho perto da TV-Globo, cujo balcão pela estreitura do espaço ficava quase na calçada. O pessoal se debruçava para comer e beber no balcão e se inclinava. Nome que Leila deu ao boteco: Bunda de Fóra.

Wilson Silva

é jornalista e escritor.

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