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Brasil tem somente três participações em Cannes

Em Berlim, em fevereiro, houve expressiva participação brasileira nas diferentes seções do festival. Cannes não está sendo tão receptiva. Teremos um brasileiro na presidência do júri – da mostra Semana da Crítica. O prestígio talvez seja mais de Kleber Mendonça Filho, o diretor de O Som ao Redor e Aquarius, que concorreu no ano passado.

A mostra Semana da Crítica é a mais compacta de Cannes – sete longas e alguns curtas. É a única seção deste ano que terá filme brasileiro. Gabriel e a Montanha há tempos era um projeto que falava ao coração do diretor Fellipe Barbosa. Terminou atropelando o que deveria ter sido seu longa após Casa Grande. De alguma forma, Casa Grande se inscreveu na vertente de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça, e Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, que discutem relações ‘de classe’ no Brasil.

Na sequência, Barbosa planejava um filme no Rio Grande do Sul, mas Gabriel e a Montanha terminou por se impor. Inspira-se numa história tristemente real. O Gabriel do título é, ou era, Gabriel Buchmann, amigo do diretor do colégio e da faculdade no Rio. Gabriel, ‘o cérebro mais brilhante da PUC’, resolveu pesquisar a pobreza no mundo. Foi à África. E morreu na tal montanha do título – o Monte Mulanje, onde, conta a lenda, JRR Tolkien teve a inspiração para O Senhor dos Anéis.

Fellipe Barbosa parte em busca do amigo. À reportagem, declarou que achava, inicialmente, que o filme talvez fosse um corpo meio estranho em sua obra ainda jovem. Ele vê perfeitamente as conexões entre O Som ao Redor, Casa Grande e Que Horas Ela Volta? A propósito, garante que o fato de Kleber Mendonça Filho ocupar a presidência do júri da Semana da Crítica “não tem nada a ver. Admiro-o, e ele sabe, mas tenho certeza que isso não vai influir em nada”. Barbosa achava que seria diferente, mas agora, com o novo filme pronto, já consegue unir as pontas.

“Casa Grande terminava com o garoto na janela, encarando o mundo. Gabriel e a Montanha vai um passo adiante. O garoto agora é um homem e está no meio da África, tentando se entender a si mesmo e ao mundo.”

Talvez o que tenha motivado Barbosa foi o e-mail que recebeu de Gabriel Buchmann, pouco antes de sua morte. “Os colegas achavam loucura ele querer estudar a pobreza na África, mas Gabriel estava feliz. Acho que essa felicidade é o que quero resgatar.” Haverá também um curta brasileiro na mostra Cinéfondation, dedicada a filmes de universitários. Vazio do Lado de Fora tem direção de Eduardo Brandão Filho, da Universidade Federal Fluminense.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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