Até The Hollywood Reporter reclamou – a histeria das jovens que compõem o público do One Direction é filmada à distância e, na intimidade, os integrantes da banda comportam-se bem demais. Nada de confraternizações ruidosas. Eles não fumam, não bebem, não interagem – naquele sentido – com as garotas. A crítica caiu matando no diretor Morgan Spurlock, de Supersize Me e The Greatest Movie Ever Sold. Em seus documentários anteriores, ele investiu contra o universo do fast food e o mundo da publicidade. Em Cancún, onde a Sony apresentou no primeiro semestre do ano passado sua produção de ponta do ano, o One Direction deu entrevista pelo telão. O diretor estava presente. Conversou com o repórter.
Estava encantado com os garotos. Mas admitiu que a montagem estava sendo feita a toque de caixa, sem que ele tivesse controle do material. Para cumprir metas – as datas de lançamento -, ele ainda seguia a turnê da banda e a edição já era feita de forma acelerada. Virou um documentário definido por parte da crítica, na Inglaterra e nos EUA, como oficial, ou chapa branca, e não é isso que se espera do estilo satírico que Spurlock revelou antes. Mas existem momentos preciosos – até Martin Scorsese, para ficar bem com as filhas, foi ver o show e depois foi ao backstage cumprimentar os garotos. Poderia tê-los chamado de ‘goodfellas’, bons companheiros, por que não? Preferiu dizer que são ‘great kids’. É o que parecem ser – vieram de um meio operário e classe média. As famílias davam duro.
Estouraram no reality show The X Factor. E o que fizeram os pimpolhos, ao arrebentar? Acompanhamos a euforia da mãe de um deles ao receber a chave da casa, que o filho comprou para ela.
Tietes sabem, mas não custa lembrar. One Direction é uma boyband pop formada na cidade de Londres, em 2010. É composta pelos britânicos Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik e pelo irlandês Niall Horan. Estouraram com os álbuns Midnight Memories – incluindo o hit Story of My Life -, Up All Night e Take Me Home. This Is Us – Somos Nós, ou Somos Assim. O documentário do One Direction está sendo lançado em DVD e Blu-Ray. Experience their lives on the road/Acompanhe (experimente) a vida deles na estrada. Para fãs de carteirinha é um regalo. E um aquecimento para os shows de maio, quando o One Direction desembarca no Brasil para três apresentações – uma no Rio e duas em São Paulo. Em Cancún, o quinteto – Styles, Horan, Malik, Tomlinson e Payne – só apareceu para a coletiva no telão.
Estavam em Manchester, na Inglaterra, pouco antes de pisar no palco para mais um show. Todos fizeram piada do seu diretor – um disse que o mais gostava em Spurlock era o bigode, outro as roupas (“Ele usa uns casacos bem cool”).
O próprio Spurlock, em Cancún, embora reclamando do prazo exíguo da montagem, parecia bem entusiasmado. “Assisti a todos esses documentários que hoje são clássicos sobre os Beatles e os Monkees. É curioso vê-los com o distanciamento, porque na época as bandas estavam sendo filmadas no calor da hora. Tudo ocorreu muito rapidamente com o One Direction. Em menos de três anos, eles fizeram a trajetória dos garotos anônimos para ídolos internacionais. E isso ocorre num momento da vida deles em que ainda estão cumprindo o rito de passagem.” E Spurlock deixou claro: “Só fiz o filme com a garantia de que teria livre acesso ao backstage e que poderia filmá-los em casa, na intimidade, com as famílias. Não quero ser invasivo demais. Não estou indo com a câmera para o banheiro, com eles, mas um documentário desses só faz sentido se mostrar aquilo que o público não vê no palco.”
Os garotos concordavam com ele. Harry Styles: “Vimos os filmes de Morgan (Spurlock) e pudemos perceber de cara que ele é o tipo do diretor que se envolve muito com o material. Num certo sentido, é aterrador ter uma câmera em cima de você, o tempo todo. Isso só funcionou porque havia uma relação de confiança com Morgan.” Zayn Malyk, outro integrante da banda, disse que os últimos anos foram muito invasivos. “Não estamos reclamando, mas as notícias circulam muito rapidamente nas redes sociais. E nunca há tempo de checar nem de esclarecer.
Dizem muita coisa sobre a gente que não é necessariamente verdadeira. Faz parte, mas é interessante que tenha surgido essa oportunidade para que as pessoas nos vejam como somos.” Louis Tomlinson descarta que tenha havido um roteiro prévio. “Houve uma espécie de predefinição do que iria ocorrer e é claro que não se faz um filme desses sem planejamento. Os shows, as filmagens de palco foram decupadas, com a prévia definição de onde estariam as câmeras e como seríamos captados. Mas, nos momentos mais íntimos, estávamos ali, e pronto. Não havia questionários elaborados. Conversávamos uns com os outros e com a família. Não havia resposta pronta. A gente falava o que vinha, espontaneamente.”
E Harry Styles, o mais falante do quinteto, cravou: “Seria muito pretensioso de nossa parte querer bancar aquilo que não somos. Porque na verdade gostamos de ser moleques e somos bem idiotas, como quaisquer garotos da nossa idade”. Nilla Horan concorda: “Bem idiotas”. E estoura na risada. Styles diz mais: “As garotas nos veem como seus colegas de aula, que se sentam à frente e ficam jogando bolinhas de papel na turma de trás. Imagino que a gente tenha fãs com mais idade, mas a maioria tem a idade da gente. Vira tudo uma curtição, para eles e para nós. Somos todos uns babacas felizes. Just normal lads.”
Sobre o 3-D, o diretor disse que a ideia surgiu de cara. “Se era para dar o melhor retrato desses garotos, então o 3-D seria a melhor forma de se ter isso nas cenas de palco. Também havia um potencial publicitário atraente para o estúdio – pela primeira vez o 1-D em 3-D. Mas existem dificuldades de operação em se filmar o backstage em 3-D. Também sairia muito caro, por isso o nosso retrato do 1-D foi feito em 2-D e 3-D.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.