Bortolotto estreia novo espetáculo no Espaço dos Satyros

Vira e mexe alguma voz teima em saudar Mário Bortolotto como herdeiro de Plínio Marcos. Pudera. As figuras proscritas estão sempre lá. Os diálogos cáusticos também. O próprio Bortolotto nunca deu muito crédito a essa comparação. “Sempre achei uma bobagem isso.” Mas reconhece “Deve Ser do C… o Carnaval em Bonifácio”, peça que entra hoje em cartaz, como uma exceção. “Talvez este texto seja o mais próximo do Plínio”, ele diz.

Isso porque aqui não estamos diante dos personagens que costumamos ver na obra do autor. “Diferentemente dos meus outros personagens, que se excluem por conta própria, aqui, eles são excluídos mesmo. E querem se incluir”, observa o dramaturgo, que também dirige a atual versão.

Na peça, escrita em 2001, acompanhamos o encontro de um trio de párias: dois irmãos (Katiana Rangel e Rodrigo Cordeiro), e um homem mais velho (Eduardo Chagas). Nenhum deles tem muitas perspectivas. Estão à margem da margem. E se agarram, com algum desespero, àquela que parece ser a única possibilidade de escapar.

Após conhecer um francês, a irmã Bel faz planos de se mudar do País. Trancados em um cômodo, os três confabulam sobre a possibilidade de irem juntos rumo à nova vida.

Quase toda a ação transcorre durante um carnaval. Mas a aura da festa, que ocorre fora dos limites da cena, surge apenas como contraponto à melancolia que pauta os diálogos. Outra semelhança com o universo do autor de “Navalha na Carne”: a constante oscilação entre virulência e ternura. “Como também existe nas personagens do Abajur Lilás”, lembra o diretor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Deve Ser do C… O Carnaval em Bonifácio – Espaço dos Satyros 2 (Praça Roosevelt, 134). Tel. (011) 3258-6345. 5ª, às 21 h. R$ 20. Até 15/12.

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