Boni lança livro contando sua trajetória

Lançando seu primeiro livro, O Livro do Boni, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho não economiza nas críticas e não poupa nem o programa “BBB”, dirigido pelo filho, Boninho. Só fala bem mesmo do seu próprio produto

“(O livro) É um hino de amor à televisão e um agradecimento a todos os que fizeram esse milagre no Brasil. Porque não foi fácil, mas conseguimos”, resume ele numa entrevista à revista Contigo. Sobre o reality show Big Brother Brasil, que inaugurou a febre nas tvs brasileiras, Boni dispara: “Não gosto. É meia hora de uma literatura de quinta categoria”. Na tentativa de ser simpático ele rebate o apelido de “todo-poderoso”, que ganhou nos tempos de diretor da Globo. “Televisão é uma obra coletiva”, desconversa.

Manipulação

Foram mais de 20 anos (nas décadas de 80 e 90) determinando o que podia ou não ser exibido na emissora de maior audiência do país e, por isso mesmo, as revelações de manipulação de um debatre presidencial – na entrevista a Geneton Moraes Neto, da Globonews – surpreendem. Durante a conversa Boni admitiu que a Globo assumiu o lado de Fernando Collor no debate contra Lula que antecedeu a eleição de 1989 – primeira pós-ditadura militar.

Segundo Boni, após ser procurado pela assessoria de Collor, o superintendente executivo da Globo, Miguel Pires Gonçalves, pediu que ele palpitasse no evento. “Eu achei que a briga do Collor com o Lula nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo e o Collor era a autoridade”, contou. “Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra o Lula – mas as pastas estavam inteiramente vazias ou com papéis em branco.”

Foi uma maneira, diz o executivo, de melhorar a postura do candidato junto ao espectador para que ele ficasse “em pé de igualdade com a popularidade do Lula”.

“Todo aquele debate foi [produzido] – não o conteúdo, o conteúdo era do Collor mesmo -, mas a parte formal nós é que fizemos.”

De executivo a empresário

De 1997 a 2003, Boni recebeu cerca de R$ 1 milhão (ele não confirma, nem desmente) por mês da Globo para não fazer nada. Como “consultor estratégico” só não podia ir para a concorrência. E não foi. Em 2003, comprou a TV Vanguarda, no interior de São Paulo, afiliada à Globo, que é líder de audiência na região faturando mais de R$ 100 milhões ao ano.

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