Bob Hoskins deu sua carreira por encerrada em 2012, logo após ser diagnosticado com mal de Parkinson. Ele não teve coragem nem disposição para seguir até o fim como Katharine Hepburn, que recebeu o mesmo diagnóstico, mas nunca desistiu de atuar, malgrado os limites físicos impostos pela doença. Ele parou, mas a morte, que sobreveio terça-feira, 29, à noite, em Londres, foi por pneumonia. Tinha 71 anos.
Ele nasceu Robert William Hoskins Jr. em 26 de julho de 1942 em Sufolk, na Inglaterra. Pelo próprio tipo físico, no começo da carreira interpretou quase que somente brutos. O primeiro longa é de 1972, Up the Front. Nos dez anos seguintes, ele não fez nada de brilhante. Psicopatas, gângsteres de sotaque cockney. Caçada na Noite/The Long Good Friday, Otelo (como Iago), Pink Floyd The Wall, O Cônsul Honorário, Cotton Club, Brazil? E então, em 1986, veio o filme divisor de águas de sua carreira – Mona Lisa, de Neil Jordan.
Hoskins ganhou um monte de prêmios – Bafta, Globo de Ouro, foi até melhor ator em Cannes. O papel do ex-presidiário contratado para ser guarda-costas e motorista de uma prostituta de luxo revelou-o menos monolítico aos olhos do público.
A partir daí, Hoskins criou personagens de forma mais leve até personagens mais complexos – Uma Cilada para Roger Rabbit, de Robert Zemeckis, Hook – A Volta do Capitão Gancho, de Steven Spielberg, Círculo de Fogo, de Andrei Mikhalkov (como Beria), Hollywoodland, de Allen Coulter, Nixon, de Oliver Stone (como J. Edgar Hoover), etc.
Foi um bom ator, com certeza, mas a doença, implacável, ao atingi-lo, cortou sua mobilidade. Ele preferiu sair de cena. Seu último papel de destaque foi em Branca de Neve e o Caçador, com Kristen Stewart e Charlize Theron. Bad boy no começo, bonachão depois. Além de Mona Lisa, outro filme, reputado como de arte, foi essencial – O Fio da Inocência, de Atom Egoyan, em 1999. Criado por uma mãe dominadora, cresceu para se tornar um homem aparentemente gentil, mas que, na verdade, é um serial killer. Bob Hoskins nunca foi melhor ator, num registro que ia do cômico ao dramático (e ao trágico). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.