É uma pena ver que uma ideia que poderia dar certo acaba, de maneira geral, decepcionando. Essa é a sensação que o filme A Grande Vitória, longa que mostra a trajetória do judoca brasileiro Max Trombini, traz ao espectador. Seja pela escolha de parte do elenco, pelos clichês e, principalmente, por uma trilha sonora onipresente e deslocada, o material, do diretor estreante Stefano Capuzzi Lapietra, que também assina o roteiro, pega um tema pouco explorado no cinema nacional (drama com o esporte como pano de fundo) e se perde durante o desenvolvimento.

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Vamos pelo elenco. Filme com Caio Castro (o ator que não gosta de ler) já não é um indicativo que anima muito para ir ao cinema. Pior ainda quando vemos que a apresentadora Sabrina Sato é apontada como co-protagonista. Já começa aí uma desonestidade por parte do filme, uma vez que Sato não deve aparecer mais do que cinco minutos em cena. Castro, por sua vez, mostra que como ator ele é um bom galã. É difícil o espectador criar empatia com o personagem, uma vez que o mesmo sempre soa arrogante e antipático. E, quando é preciso expressar alguma emoção, Castro põe tudo a perder, pois ele não consegue transmitir qualquer tipo de sentimento ao público.

Lapietra também falha ao inserir clichês totalmente desnecessários, como o flashback do final do longa (como se fosse necessário usar o artifício para entender qual seria a decisão do protagonista) ou, pior ainda, o suprassumo do lugar-comum, quando Trombini tem uma grande decepção e uma chuva torrencial cai naquele exato momento. O diretor também não conseguiu escapar da montagem de preparação do judoca quando ele vai para uma cidade do interior paulista para dar início o sonho de se tornar um atleta olímpico.

Entretanto, o grande destaque negativo aqui não fica na inabilidade do protagonista ou do diretor, mas sim na trilha sonora do maestro João Carlos Martins. Digno de quem fez algo inspirado por novelas mexicanas, a música do filme quase põe a perder os poucos bons momentos do filme, graças a temas extremamente exagerados. Além disso, todo e qualquer frame dos 88 minutos de projeção parece contar com uma trilha sonora, o que soa bem desnecessário.

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Então o filme é uma catástrofe do início ao fim, certo? Errado. Há coisas boas em A Grande Vitória e elas residem nos atores Moacyr Franco e Tato Gabus Mendes. O primeiro, que vive o papel do avô de Trombini, consegue passar ao público todo o amor que sente pelo neto, a maneira carinhosa com que o trata e pelos conselhos que passa. A química entre Franco e Felipe Falanga, o Max Trombini quando criança, ajuda para que o relacionamento de ambos funcionem.

Já com Gabus Mendes, que está no papel do sensei Josino, o ator não se limita em fazer apenas o mestre de Trombini. Ele faz também o papel do pai que o protagonista não teve, sempre mantendo a serenidade, a calma e a sabedoria, mesmo diante de explosões de raiva de seu discípulo. Observe o carinho e o jeito que ele lida com Trombini, já adulto, que acabou de sofrer uma desilusão.

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Uma lástima ver que a história de Trombini (que faz uma ponta no filme, como o professor Ariovaldo) e do gancho do “drama esportivo” não foi aproveitado do jeito que deveria.  

Veja o trailer