Biografia resgata vida da atriz Lilian Lemmertz

Um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, a atriz Lilian Lemmertz morreu precocemente, em 1986. Com apenas 48 anos de idade, Lilian estava sozinha em sua casa, no Rio. Resolvera tomar banho quando sofreu um enfarte do miocárdio. Foi encontrada pela filha, a atriz Julia Lemmertz, então com 23 anos, caída na banheira. Naquele início de junho, o Brasil vivia a euforia da Copa no México. E foi no dia 5, enquanto o País acompanhava a primeira fase da competição, que a atriz saiu de cena.

Em seu novo livro, “Lilian Lemmertz – Sem Rede de Proteção”, da coleção Aplauso Especial, o jornalista Cleodon Coelho, 40 anos, atribui a esse cenário festivo o fato de a morte de Lilian ter tido pouca repercussão na época. E da memória de sua curta, porém intensa carreira ter se perdido com o passar dos anos. Ao seu lado nessa empreitada de reconstituir, de forma organizada e detalhada, a história de Lilian, ele contou com uma fiel e fundamental escudeira: Julia Lemmertz. Sem ela, o processo de pesquisa certamente teria sido muito mais árduo e com menos riqueza de informações. Ela indicou pessoas que poderiam ajudá-lo, lembrou de um verso de Luís de Camões que a mãe carregava na carteira e teve uma colaboração ainda mais definitiva. “Ela ia fazer uma reforma na casa dela e, no fundo do guarda-roupa, encontrou uma mala cheia de recortes de matérias, entrevistas e resenhas, das décadas de 60 e 70, que Lilian guardava”, conta ele.

Gaúcha de Porto Alegre, Lilian Lemmertz não nasceu no seio de uma família de artistas, mas seus pais, caixeiros-viajantes, nunca se opuseram à ideia de ela tornar-se uma. Dona de um humor ácido e uma beleza clássica – acentuada pelos olhos azuis e pelo nariz arrebitado herdados do pai Hugart – ela não começou a vida profissional no palco. Essa boniteza toda, acrescida de uma elegância natural, a levou a se tornar, primeiro, uma das manequins mais conhecidas da capital gaúcha. Tinha então 18 anos e se virou musa de Rui Spohr, famoso costureiro do Rio Grande do Sul, que iniciou a carreira desenhando chapéus.

Não que ela tivesse corrido atrás dessa oportunidade. Foi descoberta na rua. “As coisas foram acontecendo na vida dela”, diz o autor. O mesmo ocorreu na carreira de atriz. “Um dia, Antônio Abujamra, com quem eu fazia inglês, me apareceu com um convite para integrar o elenco do Teatro Universitário da União Estadual dos Estudantes (UEE), que iria montar À Margem da Vida. Recusei”, confessou, certa vez, a própria Lilian. Em casa, ela comentou com a mãe, que, para sua surpresa, achou aquela uma ótima ideia.

“Existia preconceito com as duas profissões. Mas os pais dela não viam problema nenhum”, ressalta Cleodon. A opinião da mãe foi fundamental. E Lilian estreou no palco com a peça de Tennessee Williams. Nessa nova fase da vida, a atriz conheceu Linneu Dias, que se tornaria seu marido e pai de Julia. No livro, Cleodon relembra ainda a ascensão de Lilian na cena cultural gaúcha e a importância de figuras do teatro na carreira dela, como o casal Walmor Chagas e Cacilda Becker, responsável pela mudança de Lilian, Linneu e Julia para São Paulo. Com a década de 60, vieram a consagração na peça “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, sua condição de musa do cinema de Walter Hugo Khouri e o início de seu namoro com a TV, que lhe renderia papeis marcantes, como a primeira Helena de Manoel Carlos, na novela “Baila Comigo”, de 1981. As informações são do Jornal da Tarde.

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