Há tempos o grafite deixou de ser apenas uma cultura das ruas. O street art tem invadido cada vez mais os espaços das galerias, fazendo com que as pessoas enxerguem as pinturas sob outra ótica. Prova disso é a Bienal Internacional de Graffiti Fine Art, cuja terceira edição abriu suas portas para o público na tarde de sábado, 18, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

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Murais, paredes e quadros pintados com spray, estêncil e pinceis, além de esculturas e videoarte, ditam o tom da Graffiti Fine Art, que conta com obras de 60 grafiteiros do mundo todo, incluindo Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Chile, Peru e Japão. “A rua ainda é o maior palco para o grafite. Hoje, no entanto, ele está culturalmente mais forte e inserido em outros espaços. O objetivo da exposição, portanto, também é apresentar ao público os diferentes estilos e técnicas do grafite”, afirma Binho Ribeiro, curador da mostra.

Artistas que têm obras autênticas e são representativos nas cidades onde moram ao redor do mundo foram os que melhor conseguiram prender o olhar de Ribeiro. “A intenção é misturar estilos, técnicas e conceitos de grafiteiros reconhecidos, veteranos e novos. A mostra traça uma trajetória que vem desde o início da cultura do grafite, em Nova York, e reúne diversas gerações de artistas, todos de alto nível técnico, sejam nomes consagrados ou novos talentos”, completa.

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Segundo a idealizadora do projeto, Renata Junqueira, a proposta central não é desmarginalizar o grafite, uma de suas características, mas dar um outro olhar a ele. “A ideia principal era fazer com que o grafite fosse visto de maneira diferente dentro de um espaço mais intimista. Nas ruas, as pessoas, geralmente, não olham para os detalhes do desenho e como a técnica é desenvolvida. Portanto, é um jeito da pessoa estar mais próxima do grafite e apreciá-lo. Elas precisam enxergar o grafite como arte. Com essa proximidade, fica mais fácil das pessoas analisarem isso. Queremos propiciar esse contato. De uns tempos para cá, o grafite deixou de ser marginalizado para ser apreciado”, afirma Renata.

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Projeto

A Bienal Internacional Graffiti Fine Art teve sua primeira edição em setembro de 2010, fruto de uma compilação de seis eventos do inédito projeto de arte urbana Graffiti Fine Art, criado por Renata e Ribeiro. O Pavilhão das Culturas Brasileiras, projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1950, na zona sul da capital paulista, foi o espaço escolhido para abrigar a exposição em 2015, após dois anos sendo realizado no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura).

Expectativa

Grande parte das obras foi criada exclusivamente para a 3ª Bienal. Muitas delas, inclusive, acabaram sendo pintadas na hora. Alguns grafites, entretanto, chamam a atenção por estourar o tamanho da tela. O norte-americano Pose II e o alemão Tasso são os grandes nomes da exposição, que tem entrada gratuita e vai até 9 de maio. O evento promete atrair muita gente. Em 2013, mais de 60 mil pessoas prestigiaram a mostra.

Para o administrador de empresas Diego Ramos Rumbeira, 24, a exposição traz o melhor da arte contra cultural da periferia para os grandes centros. “Acho ótimo que o maior número de pessoas possa ver isso aqui no Ibirapuera. Trata-se de uma chance de ouro para apreciar a arte que teve início nessas regiões mais pobres. Isso também é arte”, afirma o jovem.

A estudante de Rádio e TV, Juliana Barbosa Alcântara, 19, também gostou das obras que viu. “Nunca tinha visto tanta coisa bonita. Eu, particularmente, não conhecia o grafite de maneira tão detalhada e intensa. Era algo distante da minha realidade. Com essa exposição, a gente consegue ver todos os detalhes”, afirma a adolescente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

3ª BIENAL INTERNACIONAL DE GRAFFITI FINE ART

Pavilhão das Culturas Brasileiras. Rua Pedro Álvares Cabral, Parque do Ibirapuera, 5083-0199. 3ª, das 10h às 21h; 4ª a dom., das 10 às 18h. Grátis. Até 19/5.