Bienal de SP volta com força, política e polêmicas

Dois anos atrás, a prisão de uma pichadora moveu os holofotes da discussão artística da Bienal de Arte de São Paulo para a política. Pois hoje, às vésperas da abertura da 29ª edição, a mostra volta ao Pavilhão do Parque do Ibirapuera com nova cabeça e preceito. Parece ser, de fato, impossível separar a arte da política. Cerca de 160 artistas de diversas partes do mundo expõem suas criações ao público, que, a partir de sábado, poderá conferir a exposição, que ganhou o título inspirado em verso do poeta Jorge de Lima (da obra “Invenção de Orfeu”, de 1952): “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”.

Na prática, a arte da política inclui de manifestações objetivas de protesto a divagações sociais. Uma das mais polêmicas, a do artista pernambucano Gil Vicente, decreta sentença de morte a autoridades do mundo todo: o presidente Lula é ameaçado com uma faca no pescoço; FHC tem a mira de um revólver em sua cabeça, e assim também estão a rainha da Inglaterra, Elizabeth II e o papa Bento XVI. Outra provocação é a instalação do brasileiro Henrique Oliveira. Com madeira e PVC, ele propõe uma viagem em “A Origem do Terceiro Mundo”. Em alusão ao filme do espanhol Pedro Almodóvar, o visitante pode adentrar uma grande vagina e perder-se por labirintos.

Um dos principais nomes da arte contemporânea do País, Nuno Ramos também ousa com sua Bandeira Branca ao levar, além das grandes esculturas feitas de areia, três urubus, que estarão soltos num viveiro improvisado ao som de caixas de música. Já o paulistano Luiz Serbini leva à Bienal seu “Inferninho”, um grande ambiente negro em que belas projeções coloridas de luz provocam o imaginário dos visitantes.

Com curadoria de Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, o evento conta também com um grupo de convidados que conferem o aspecto internacional defendido pela instituição: Fernando Alvim (Angola), Rina Carvajal (Venezuela), Yuko Hasegawa (Japão), Sarat Maharaj (África do Sul) e Chus Martinez (Espanha). Além das artes plásticas, os espaços de convivência organizados pela curadoria – ‘terreiros’ – serão destinados à exibição de filmes, performances e práticas discursivas. Entre as obras selecionadas estarão clássicos, como “Pátio” (1959), primeiro filme de Glauber Rocha, e filmes de cineastas pouco conhecidos, como “Uma Carta para Tio Boonmee” (2009), ganhador da Palma de Ouro em Cannes, do tailandês Apichatpong Weerasethakul.

29ª Bienal. Abertura para o público: sáb, 25/09. Vai até 12/12. Parque Ibirapuera, Portão 3, Pavilhão Ciccillo Matarazzo. De 2ª a 4ª: das 9h às 19h. 5ª e 6ª: das 9h às 22h. Sáb. e dom., das 9h às 19h. Tel. (011) 5576-7600. Grátis.

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