A natureza política da arte volta ao centro do debate na 29ª Bienal de São Paulo, em setembro. Não aquela arte panfletária, dos significados unidimensionais, mas uma arte capaz de mudar o jeito como vemos e refletimos sobre a sociedade – sendo irrelevante, portanto, se ela trata de conflitos ou não e a forma como articula seu discurso. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso com exclusividade a uma lista dos artistas mais importantes já definidos para a jornada (a lista completa só deve ser anunciada oficialmente em fevereiro).
O choque de significado da exposição do curador-chefe Moacir dos Anjos é um leque amplo. Começa com a arte ativista do chinês Ai Weiwei, de 53 anos, nascido num campo de trabalhos forçados por ser filho de um “inimigo” da revolução cultural (o poeta Ai Qing). Espraia-se pelas jornadas fotográficas nos seios das comunidades gays e transexuais, filtradas pelo olhar da americana Nan Goldin, de 57 anos.
Uma estrela confirmada é o inglês Steve McQueen, de 41 anos (que representou a Inglaterra na Bienal de Veneza do ano passado), que vem com seus filmes em preto e branco influenciados pela nouvelle vague e por Andy Warhol, e nos quais ele é geralmente um protagonista.
Cildo Meireles, nome fundamental da arte contemporânea, volta à mostra. Em 2006, o artista plástico Cildo Meireles tinha ameaçado deixar a Bienal de São Paulo caso o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira continuasse no conselho da fundação Bienal. Ferreira foi afastado, mas já não havia tempo para Meireles enviar uma obra. Na época, ele estava com o plano de fazer a instalação Homeless Home (já montada na Bienal da Turquia, em 2003, e cuja origem era um desenho de 1968).
Outro nome essencial das grandes exposições nacionais é Nuno Ramos, que volta às mostras de arte após ganhar o Prêmio Portugal Telecom de Literatura com a obra Ó. Outros nomes: a palestina Emily Jacir, de 40 anos, nascida em Bagdá, que junta fotografia, vídeo e performance; o britânico Jeremy Deller, ganhador de um prêmio Turner; a alemã Isa Genzken, que também trabalha com diversos suportes; o belga Francis Alys, que vai do texto à animação; o português Artur Barrio; e o paraibano Antonio Dias e a carioca Alice Miceli. A 29ª Bienal está marcada para ocorrer entre 21 de setembro e 12 de dezembro. Além de Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, curadores-chefes, haverá curadores convidados.
Confirmados
Ai Weiwei, artista chinês;
Alice Miceli, artista carioca;
Antonio Dias, artista paraibano;
Artur Barrio, artista português;
Cildo Meireles, artista carioca;
Emily Jacir, artista iraquiana;
Flavio de Carvalho, artista carioca da geração modernista;
Francis Alys, artista belga;
Isa Genzken, artista alemã;
Jeremy Deller, artista britânico;
Livio Tragtenberg, compositor e músico paulistano;
Nan Goldin, artista norte-americana;
Nuno Ramos, artista paulistano;
Steve McQueen, artista britânico.