A Editora Estação Liberdade comemora o bicentenário de Victor Hugo (26 de fevereiro de 1802 – 22 de maio de 1885) com uma notável obra em que o escritor de Os Miseráveis condena a pena de morte: O Último Dia de um Condenado.
Escrita em menos de três meses sob influência de uma execução em Paris à qual Victor Hugo assistiu em 1825, esta obra logo foi coroada de sucesso, para o qual contribuíram suas características inusitadas, como por exemplo: começa com a frase lapidar da declaração de sentença “Condenado à morte” e termina com “Quatro horas”, horário da execução, ou ainda um ácido humor negro. Como aponta o ex-ministro francês da Justiça Robert Badinter, abolidor da pena de morte na França em 1981, longos 156 anos após a publicação do Condenado, no livro-catálogo publicado por ocasião da grande exposição Victor Hugo na Biblioteca Nacional da França deste ano: “Esse relato é de uma modernidade surpreendente e já prenuncia bom número de obras contemporâneas, teatro de Samuel Beckett, ou romance de Alexandre Sljenitsin, particularmente com Um dia na vida de Ivan Denissovitch”.
Composta de um texto principal – o diário dos últimos dias da vida de um condenado -, de uma peça na qual personagens inventados por Victor Hugo criticam ferozmente a obra (prefácio à edição de 1829) e de um longo panfleto em defesa da causa (prefácio de 1932), esta edição vem contribuir para um debate em torno de uma discussão que alguns ainda tentam reviver no Brasil.