Biblioteca de São Paulo atrai leitores jovens

No primeiro mês de funcionamento, a moderna Biblioteca de São Paulo, no Parque da Juventude, em Santana, zona norte, conseguiu um de seus principais objetivos: atrair leitores. Doze mil pessoas estiveram em seu prédio no período, deleitando-se com alguns dos 30 mil livros disponíveis, utilizando um dos 80 computadores conectados à internet ou assistindo aos vários DVDs do acervo. “Muito se diz que o Brasil não tem tradição de leitores. Surpreendi-me com o número de frequentadores”, admite a diretora da instituição, Magda Montenegro.

A roupagem descolada da biblioteca – colorida, cheia de pufes e sem ninguém fazendo “psiu” ao menor barulho – tem atraído leitores jovens. Prova disso é que os dois títulos mais procurados pelos 4 mil usuários que já fizeram carteirinha são best-sellers infanto-juvenis (“Querido Diário Otário”, de Jim Benton, com 54 locações; e “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, de J. K. Rowling, 25 retiradas).

Entretanto, nem tudo é perfeito na instituição, inaugurada com pompa pela Secretaria de Estado da Cultura sob o rótulo de “modelo”. Dois repórteres do jornal O Estado de S. Paulo estiveram no local – sem se identificar como jornalistas – duas vezes cada um nas últimas quatro semanas e tentaram usufruir de toda a sua estrutura.

As primeiras impressões são positivas. Difícil não usar a frase “nem parece que estou em uma biblioteca” – referindo-se, óbvio, ao padrão sisudo vigente desde sempre, responsável por associar à biblioteca a pecha da chatice. A Biblioteca de São Paulo tem cara dessas livrarias megastore, com estantes atraentes e funcionários simpáticos – dos 51 que atuam ali, 23 ficam só no atendimento – prontos a lhe recomendar a leitura adequada ao seu perfil. O acervo também tem seus atrativos, por mesclar os clássicos com lançamentos.

Problemas

Mas – e, sejamos justos, talvez pelo fato de a abertura ser recente – os problemas não demoram a aparecer. Para a simples confecção da carteirinha, uma espera de 22 minutos, por exemplo. Quer usar um dos oito leitores digitais que a biblioteca tem? Difícil. Nas duas vezes, o repórter ouviu que eles “estão guardados em uma sala porque ainda falta definir como serão usados”. “Volte daqui a alguns dias”, aconselhou a atendente.

Da segunda vez – três semanas depois -, a questão foi passada de funcionário para funcionário até, meia hora mais tarde, a resposta ser a mesma. “Realmente ainda não descobrimos como oferecer essa tecnologia para o público”, afirma a diretora. “Em 20 dias, isso estará resolvido.”

Outra negativa quando o repórter tentou pegar emprestados três livros do acervo, para estrear sua carteirinha – “Rasif”, de Marcelino Freire; “O Livro Amarelo do Terminal”, de Vanessa Barbara; e “Nunca Antes na História deste País”, de Marcelo Tas. “Eles ainda não estão catalogados, por isso não podem ser retirados”, informou a moça do balcão. “Os 2 mil livros comprados mais recentemente não foram para o sistema. Levaremos 30 dias para incluí-los”, confirma Magda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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