Bibi Ferreira e Marília Pêra voltam a trabalhar juntas na peça ‘A Atriz’

Passados 54 anos de My Fair Lady e 38 de Deus lhe Pague, únicos trabalhos que fizeram juntas, elas voltam a se encontrar no teatro, onde estão acostumadas a pisar desde criança. Desta vez, Bibi Ferreira na coxia e Marília Pêra no palco, como protagonista do espetáculo A Atriz, que tem estreia prevista para meados de março, no Rio de Janeiro.

O texto, traduzido e adaptado por Marília, é do inglês Peter Quilter, autor de Gloriosa, musical sobre a história da cantora norte-americana Florence Foster Jenkins (uma das piores cantoras de todos os tempos), que ela encenou há sete anos no Brasil, sob direção de Charles Möeller em texto adaptado por Claudio Botelho e Marisa Murray. A intensa preparação da atriz impressionou até o autor inglês.

“Desde então, Peter tem me mandado várias de suas peças para ler, mas me interessei por essa, que acabou se tornando minha primeira tradução”, diz Marília. O espetáculo mostrará a história de uma atriz que, no camarim do espetáculo O Jardim das Cerejeiras, de Anton Chekhov, decide que quer parar de representar depois de anos de profissão.

“Ela quer se casar com um banqueiro, ficar rica e se mudar para a Suíça. Qualquer atriz que trabalha há muito tempo vai adorar e se identificar.” Aos 72 anos (recém-completados), Marília, que subiu pela primeira vez e um palco aos 9 meses de idade e começou a trabalhar aos 4 anos, admite fazer parte desse grupo: “Sou uma das atrizes que há anos quer parar”.

A promessa é repetida faz algum tempo. “Tento aprender inglês há uns 30 anos, mas não consigo. Tento parar de trabalhar há uns 20, mas também não consigo (risos)”, diverte-se. “Talvez por ter nascido nos palcos é que eu fale tanto em parar. Adoro ficar quieta, ouvindo música, lendo. Fico muito bem em silêncio, mas comecei muito cedo a contrariar minha personalidade, que, na essência, seria de uma pessoa mais quietinha.”

Direção de Bibi

Desde que começou a trabalhar no texto de A Atriz, há dois anos, Marília Pêra desejava ter Bibi Ferreira no comando da direção do espetáculo. A ponte para que o reencontro acontecesse foi feita por Marcus Montenegro, da Montenegro e Raman, que assina a produção e gerencia a carreira de Bibi.

“Pouco tempo depois que Marcus conversou com ela, Bibi me telefonou, dizendo: ‘Filhota, estou animadíssima!’.” Os ensaios começaram no dia 5 de janeiro, no apartamento de Bibi, na Avenida Rui Barbosa, diante da deslumbrante imagem do Pão de Açúcar, no Rio.

“Há um respeito e uma admiração enorme por Bibi. Sempre que ela entra, todos se levantam. Tudo que ela fala é lei. Como se fosse uma papisa”, conta Marília. No elenco também estão seu filho e sua irmã, Ricardo Graça Mello e Sandra Pêra (com quem contracenará pela primeira vez), além de Gracindo Jr. e o filho Pedro Gracindo, Maurício Sherman e Cacau Hygino. “É lindo ver Bibi, aos 92 anos, nos regendo como um maestro. Ela, como eu, é de poucas palavras. Muito de vez em quando fala um pouco mais alto, mas não gasta a voz à toa.”

Documentário

Ideia de Marcus Montenegro, os encontros na casa de Bibi estão sendo filmados. Sob a direção de Pablo Uranga e codireção de Leona Cavalli, as imagens se transformarão em documentário sobre Marília Pêra. “Desde o primeiro dia dos nossos ensaios, quando começamos a ler o texto, estou com um microfone e uma câmera acoplados em mim. É como se estivesse no Big Brother Brasil (risos)”, conta Marília.

“A partir desse encontro histórico e maravilhoso dela com a Bibi, para a criação do espetáculo, vamos fazer um filme sobre a Marília”, explica Leona, que, na noite do sábado de carnaval, esteve no hotel onde a atriz se preparou para atravessar, pela primeira vez, o Sambódromo do Anhembi, homenageada pela Mocidade Alegre – toda a preparação foi detalhadamente acompanhada pela câmera de Leona e presenciada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O documentário também reunirá depoimentos sobre Marília. Amigos, como Ney Latorraca e Arlete Salles, já gravaram participação. “Será um registro importante para quem ama o teatro brasileiro”, diz Leona. O documentário, que levará o mesmo nome do espetáculo, A Atriz, terminará quando a peça estrear. “Acabamos as filmagens quando a cortina se abrir.” A previsão é que a estreia aconteça em 2016.

Tantos planos confirmam que Marília Pêra está completamente recuperada de um desgate ósseo na região lombar que a deixou inativa durante quase um ano – ela foi obrigada a adiar peças e a interromper sua participação na série de TV Pé na Cova, escrita por Miguel Falabella.

Durante oito meses, a atriz sentiu muita dor e temeu não conseguir mais pisar com a perna direita. “Já me conformava em apenas escrever”, lamentou-se, em entrevista publicada pelo Estado em setembro do ano passado.

Foi sua persistência e um melhor controle da fisioterapia que garantiram a recuperação mais eficiente, a ponto de ela retomar os compromissos e planejar uma agenda mais rica.

PROJETOS

Fotobiografia

Até o final deste semestre, chegará às livrarias, pela editora Arte Ensaio, uma fotobiografia de Marília Pêra, com textos escritos por sua irmã, Sandra Pêra. “Mostrará, em fotos, a história da família e do teatro brasileiro. Tem fotos do meu pai e da minha mãe em cena, imagens muito bonitas e antigas”, conta Marília, filha dos atores Manuel Pêra e Dinorah Marzullo.

Biografia

Embora ainda não tenha acertado compromisso com nenhuma editora, Marília tem se dedicado a escrever sua biografia – ainda sem previsão para ser lançada. “Se eu não escrever, alguém escreverá. Mas o melhor é tentar eu escrever, porque será a minha verdade, que é a mais límpida”, justifica ela, aparentemente sem pressa para terminar o texto.

Cinema

Marília Pêra gravou, no início da semana, uma participação no filme Tô Ryca, protagonizado pela humorista Samantha Schmütz e com direção Pedro Antônio. A previsão de estreia é para o segundo semestre.

Televisão

A atris voltou a gravar também o seriado Pé na Cova, em que interpreta Darlene, ex-mulher de Russo, personagem vivido pelo criador da série, Miguel Falabella, também seu grande amigo. O seriado volta à programação da Globo em abril, durante a comemoração dos 50 anos da emissora carioca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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