São Paulo (AE) – Maria Bethânia completou 60 anos neste domingo. Isso não muda muita coisa em sua vitoriosa trajetória marcada por liberdade, coragem e independência. Mas acaba sendo uma oportunidade a mais para refletir sobre seu papel na música brasileira. Os traços fortes da personalidade artística, para a saúde de sua carreira e prazer dos eternos fãs, mantêm-se intactos, o que faz com que continue gerando expectativa a cada novo trabalho.

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Neste aspecto os fãs têm muito o que comemorar. Ela já começou a gravar no Rio seu 40.º álbum, que terá a água como tema, com lançamento previsto para o segundo semestre, quando também chega o DVD – o mediano documentário Maria Bethânia: Música é perfume, do suíço Georges Gachot.

A melhor notícia em torno de sua nova idade é que outros 34 álbuns, desde Maria Bethânia (1965) até Maricotinha (2001), serão relançados até o fim de julho. É a primeira vez na história do mercado discográfico brasileiro que um artista tem todos os seus discos reeditados simultaneamente em projeto conjunto de três gravadoras: Universal, EMI, Sony-BMG. A iniciativa, claro, não partiu delas, mas de um pesquisador minucioso, o jornalista carioca Rodrigo Faour.

Para comemorar os 60 anos, Bethânia recolheu-se no colo de Santo Amaro da Purificação, ao lado da mãe Dona Canô, uma entidade baiana. A filha mais nova herdou dela essa vocação. Bethânia encerra em si um mundo à parte dentro da categoria artística que escolheu. Surgida entre dois pólos de ebulição cultural nos anos 60s – o engajamento do teatro e da música de protesto e o tropicalismo -, cultivou o próprio plantio.

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Era também o auge da era dos festivais, mas ela figurou em apenas um, cantando Beira-mar, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tomou a decisão de não mais participar quando soube que a música, lindíssima, tinha sido desclassificada por motivo banal. O júri, carioca, não teria concordado com um verso que dizia não haver mar mais bonito que o da Bahia.

Como revelou Caetano, muitas das realizações do movimento tropicalista partiram de sugestões de Bethânia. Ela já misturava o kitsch, como o bolero Lama, ao repertório chique, antes deles.

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